A chuva repentina que caiu no fim da tarde de ontem (21) e durante a madrugada desta terça-feira (22) em Brumado, Sertão Produtivo, deixou os moradores surpresos. O clima ficou mais ameno e a comunidade pôde dormir sentindo aquele cheiro de 'terra molhada'. A previsão de temperatura para esta terça (22) na cidade é de mínima de 23º e máxima de 36º, segundo a Seagri. Considerada uma temperatura ainda muito alta, mesmo com a chuva caindo na Capital do Minério. A moradora do bairro São Felix Ana Castro, de 22 anos, disse que já não aguentava mais o calor, mesmo ela sendo uma brumadense, acostumada com as altas temperaturas. "Foi muito bom porque estava muito quente aqui e o clima mudou bastante", afirmou. 

Segundo os moradores, a chuva fina durante quase toda a madrugada, ficou intensa e parou por volta das 6h30. O site da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri) ainda prevê outras pancadas de chuva até a próxima quinta-feira (24). O site ainda mostra também que há probabilidade de ocorrer chuvas rápidas ao longo do dia, mas que a temperatura vai variar pouco. Serão registrados 8 milímetros de chuva na quarta (23) e 9 milímetros na quinta-feira (24). A Umidade relativa do ar varia entre 17% à 35%.

A aquisição de um imóvel próprio é o desejo da maioria dos seres humanos. Após comprar sua casa no bairro São José para evitar problemas respiratórios da família, o morador Maicon Silva Teixeira, continuou vivendo o mesmo dilema desde que as construtoras terceirizadas da prefeitura começaram as obras de canalização do riacho do Santa Inês e o calçamento que margeia o canal. Segundo o morador, desde que as obras foram iniciadas -- cerca de um ano atrás -- sua esposa vive ama crise alérgica provocada pela poeira, consequência do local ter sido escavado durante as obras. De acordo com Maicom, essa é apenas uma das situações que a sua família vem enfrentando ao longo de 13 meses. Para piorar a situação, o morador relatou ainda que nas últimas chuvas que atingiram a cidade, sua casa foi invadida pela água, por conta da construtora ter obstruído a entrada da água que vem da serra do loteamento Santa Inês. "Eles paralisaram a obra por causa das detonações que teria que ser realizadas na obra. Nesse intervalo, eles deixaram a passagem da água obstruída, e quando veio a chuva entrou na minha casa, porque ela não tinha por onde escoar", disse ao 97NEWS. 

Ainda segundo o morador, ele perdeu todos os móveis e roupas. "Estou inválido sem poder trabalhar por causa de problemas de saúde. Minha esposa está grávida, e as coisas que nós tínhamos guardado na casa perdeu tudo com a lama, eu não sei o que fazer. Tentei de todas as formas falar com os responsáveis pelas empresas, e eles me disseram que não poderiam fazer nada. Apenas alegaram que minha casa estava abaixo do nível", relatou Teixeira. Conforme o morador, antes mesmo de construírem a rua, sua casa sempre esteve lá, então o município tinha que nivelar a via de acordo com as casas que já foram construídas no local a cerca de 40 anos atrás. "Eu mora aqui a mais de três anos e nunca tive problema de alagamento. Quando começaram a obra ninguém veio até a mim e me alertou sobre o problema, agora depois que fico no prejuízo chegam para mim e dizem que minha casa esta baixa", questionou o morador da rua Francisco Manoel da Cruz. Conforme o morador, em uma última conversa com as empreiteiras, eles disseram que iriam tentar resolver a situação. "Eles mandaram eu fazer um orçamento do prejuízo, foi feito, mas quando levei até eles, disseram que não poderia me ressarcir enquanto a prefeitura não pagasse pela obra", esclareceu o morador que ficou no prejuízo e agora só lhe resta acionar o Ministério público para tentar reaver os pertences perdidos.

Passado o Outono, é chegada a hora do Inverno se apresentar para os brumadenses. Na época mais esperada por quem curte um forrozinho, o clima favorece, também, para os chegados a esquentar os festejos com um licor. O Inverno 2019 começou na última sexta-feira (21) e, até 23 de setembro, promete frio para municípios -- que podem registrar temperaturas abaixo de 10ºC, de acordo com os sites de meteorologia. Em Brumado, o mês de junho será de temperaturas entre 18ºC e 30ºC. No entanto, a previsão aponta que na madrugada de quarta-feira (26), a mínima chegue a 12ºC, com sensação térmica e 10 graus. Já a temperatura máxima deve ficar em torno dos 30ºC. Já na quinta-feira (27), os termômetros da capital do minério podem marcar mínima de 14ºC, e máxima de 28ºC. Ainda segundo a meteorologia, o Inverno deste ano vai ser característico, similar ao de 2018, com tempos mais frios, mas sem ocorrências fora do habitual para o período do ano. Os meteorologistas reduzem a probabilidade da influência de fenômenos ou frentes frias que aumentam a incidência das chuvas, como ocorreu no mês de abril, durante o Outono. 

Bastou as primeiras chuvas após longos dias de seca para que os moradores da região de Ubiraçaba e Samambaia enfrentassem transtornos. Nesta sexta-feira (23), dois dias depois das chuvas, a população local sofre com dificuldades de acesso as comunidades. Durante o aguaceiro, carros ficaram atolados e ônibus escolares não conseguiam trafegar. Estudantes da rede estadual que moram na localidade relataram que no retorno das aulas no período matutino desta sexta, eles tiveram que andar por vários quilômetros, por conta de que o ônibus escolar não conseguiu passar pela estrada vicinal. "Ontem na volta da escola, devido às fortes chuvas, andamos descalço por vários quilômetros, pois era muita lama, cortando nossos pés, passando dentro de água suja", relatam os estudantes. 

Em fevereiro deste ano, foram liberados pelo Governo Federal R$ 450 mil para a continuidade das obras de pavimentação asfáltica da estrada, mas devido as chuvas, as obras foram paralisadas. Ainda segundo os estudantes, a situação revolta a comunidade, no que se refere ao andamento das obras, que segundo eles, sempre param. "Há anos eles prometem esse asfalto, começaram a fazer no período da eleição, e param. Antigamente chovia mas os carros não atolavam, mas eles mexeram na estrada e não finalizaram a obra", disseram ao 97NEWS. Ainda conforme a classe estudantil, a estrada tem pontos que podem causar acidentes. "Esses dias atrás, nosso ônibus quase tombou, corremos risco de vida pra chegar na escola", comentam.

A chuva forte que atinge Brumado, desde a madrugada desta quinta-feira (21), causou alagamentos e transtornos em diversos pontos da cidade. Não há registro de feridos. Segundo os sites de meteorologia, choveu cerca de 55 milímetros entre 02h30 e 11h.  Veja a galeria de fotos dos estragos em diversos bairros. A rotatória do Posto São Cristóvão, na Avenida Centenário, ficou completamente alagada. Muitos motoristas que seguiam pela Avenida tiveram que voltar pela contramão. Os moradores reclamam da falta de sinalização do local. 

No bairro Baraúnas também foram registrados alagamentos. Moradores relataram em vídeos que os dejetos da rede de esgoto voltaram pelos ralos e invadiram as casas. Na ladeira do antigo cinema, no Centro, a água destruiu a rua mais uma vez. No bairro São Felix, ruas que recentemente passaram por manutenção, voltaram a ficar intransitáveis. Os moradores alegam que a empresa terceirizada da prefeitura, usou pó de brita para rejuntar o calçamento. 

Os alagamentos também atingiram a Avenida João Paulo I, na baixada Fluminense. De acordo com o Seagri, a previsão para sexta-feira (22) é que chova cerca de 57mm, a temperatura varia entre mínima de 23°C e Máxima de 33°C. Já para o sábado (23) a mínima chega aos 23° e a máxima aos 31°C. Está previsto para o sábado 77mm de chuva.

Começou a chover forte em Brumado na madrugada desta quinta-feira (21). A pancada de chuva veio por volta das 03h, após as altas temperaturas. Em Brumado os termômetros chegaram a marcar 39°, com sensação térmica de 40°. Segundo os sites de meteorologia, a previsão é de pancadas de chuva e trovoadas para esta quinta, sexta e sábado. Ele aponta, inclusive, que a precipitação mais forte deve ocorrer na Sexta-feira (22). Os temporais têm sido mais frequentes porque durante essa estação aumenta a umidade relativa do ar, que induz o fortalecimento das áreas de instabilidade, ou centros de baixa pressão. Com isso, as pancadas de chuva ficam mais frequentes no centro-sul, sudoeste e oeste do estado. A previsão aponta ainda chuvas para outras cidades da região sudoeste. Em Livramento de Nossa Senhora, para esta quinta e sexta, são previsto cerca de 60mm de chuva. Já em Vitória da Conquista, a previsão aponta cerca de 120mm de chuva para os próximos dias.

Nesta quarta-feira (20), o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) emitiu um Estado de Atenção para a região Sul e Sudoeste da Bahia. Segundo o órgão, há possibilidade de condições atmosféricas com ocorrência de chuvas frequentes ao longo desse período. Conforme o instituto, é importante que a população fique justamente "atenta porque, nesse momento, em face do grande calor, não sabemos qual volume de chuva poderemos ter nos próximos dias". Conforme ainda alerta, "é importante que a população evite locais de baixa elevação, e também evite ficar perto de locais arborizados, porque pode atrair raios". Ao longo desse período são esperados eventos de chuvas moderada a forte em algumas áreas desta faixa, podendo vir acompanhadas de descargas elétricas, o que caracteriza uma situação de Atenção. Dentre esses municípios estão Brumado, Vitória da Conquista, Livramento de Nossa Senhora, Dom Basílio, Barra da Estiva, Guajeru, Malhada de Pedras, Presidente Jânio Quadros, Rio de Contas, Rio do Antônio, Tanhaçu, Ituaçu, Ibiassucê, Caculé, Caetité, Guanambi e outras cidades.

A Prefeitura de Brumado, no Sudoeste da Bahia, decretou situação de emergência por causa dos problemas causados pela chuva intensa da madrugada de segunda-feira (18). Foram registrados alagamentos em vários bairros. O decreto tem prazo de 180 dias. De acordo com o prefeito Eduardo Vasconcelos, busca atender as áreas que tiveram danos mais críticos. O documento autoriza a convocação de voluntários para reforçar as ações de combate aos desastres e realização de campanhas de arrecadação de recursos para atender as pessoas afetadas. Além da permissão para demolição de imóveis que possam comprometer a segurança das pessoas, instalações e serviços públicos ou particulares. Também permite que as equipes da Defesa Civil, em caso de risco, entrem nas casas a qualquer hora do dia ou da noite, mesmo sem consentimento do morador, para prestar socorro e determinar a evacuação do local. No decreto, o prefeito considera que os alagamentos foram ocasionados pelas fortes chuvas em áreas onde a prefeitura executa obras de macrodrenagem para escoamento de águas pluviais. (Veja o decreto)

Moradora do bairro Dr. Juracy, em Brumado se queixa de um problema incomum. Segundo ela, a empresa terceirizada da prefeitura pode ser a responsável pelo alagamento que atingiu a rua Ruy Barbosa. "Olha a situação da minha casa, por causa de um serviço mal feito da prefeitura. Um serviço que já tem mais de cinco meses", diz a Baiana do acarajé, Valdelice. Ela mora perto do local onde a prefeitura está construindo um muro de arrimo. A baiana diz ainda que a empresa aterrou a rua e não deixou a saída da água. "Perdir meus móveis, eletrodomésticos e os preparos para o acarajé", conta. A enxurrada foi na madrugada de segunda-feira (17) e assustou os moradores. 

"É uma coisa que vem de repente e inexplicável. Você vê a água entrando e não tem o que fazer. Meu filho que foi lá fora e quebrou o muro para não alagar outras casas", diz Val do do Acarajé. Quem vive no bairro diz que não entende porque construir muro de arrimo, e não deixar o escoamento de água. "Já foram lá e conversaram com eles [empresa] e ninguém falou nada", conta Val. Há 28 anos, morando na localidade, a Baiana disse que nunca viveu esse momento. “A água deu nos peitos do meu filho. Foi muita água, um drama horrível. Minhas coisas estão todas acabadas, está tudo destruído. Não imagino o que será da minha vida”, relatou. 

“Fica o trauma. A gente não sabe se seremos ressarcido, não tem como tirar da mente o desespero da minha família, que ficou presa dentro de casa e só saiu com ajuda de vizinhos”, afirma Vânios José. Dono da casa que foi invadida pela lama, na madrugada desta segunda-feira (18), no bairro São José, próximo a Praça Edimundo Dantas Coelho, em Brumado. Mais quatro casas vizinhas também foram atingidas. A lama desceu da construção que canaliza um riacho no bairro, após a forte chuva que atingiu a cidade na madrugada. Os moradores afirmaram que já haviam alertado a construtora responsável sobre o possível alagamento. No rua moram cinco famílias, Vânios realtou que na chuva de domingo a tarde ele já temia o pior. "Agente já vinha alertando empreiteiro, a prefeitura, os engenheiros da obra sobre essa canal que de grosso modo construiu uma barragem no meio das duas vias", relatou. Ainda de acordo com o morador, desde o início da obra que começa próximo ao IFBA e termina no bairro Santa Tereza, próximo as casas onde foram atingidas, não existe nenhuma saída de água das chuvas para o córrego. "Não sou nenhum engenheiro, mas todos podem ver que não existe escoamento da água que vem de lá de cima para o fim da rua. Ou seja todo riacho está canalizado, mas se criou uma barragem nas duas vias, não tem como ela escoar para o riacho. Se não pode escoar, para que serve esse canal?", indagou o morador.

Carlos Henrique, outro vizinho da rua, ficou preso dentro da casa com a famiília porque o portão da casa dele foi empurrado pela força da água. Eles foram resgatados somente com a chegada de vizinhos, que arrombaram o portão. Carlos disse que mora no local por mais de 11 anos, mas nunca presenciou uma inundação como a desta madrugada. “Eu moro aqui há anos, já vi chuvas muito mais fortes que essa, nunca entrou água na minha casa. Eu não sei o que eles fizeram que a água represou. Não tinha para onde ela escoar e não venceu e a água veio para dentro de casa. Salvei minha família graças a Deus, mas perdi meus móveis”, afirmou. De acordo com a previsão do tempo, choveu 27 milímetros em Brumado. Ao longo do domingo (17) e madrugada de segunda (18). As marcas da lama mostram que a água chegou à 30 cm do chão, e deixou um cenário de destruição. A família perdeu eletrodomésticos, móveis, roupas, veículos. O local está totalmente tomado pela lama. “Lá no fundo da casa tem um muro que tivemos que quebrar para a água sair”, relatou Henrique. Além da casa de Vânios e Carlos, outras três casas foram invadidas pela lama, que cobriu o chão dos locais.