Até ficar pronta para o consumo, existe um longo caminho entre a cerveja que você coloca no copo e a cevada que vem do campo. Na fábrica da Itaipava, em Alagoinhas, a 124 km de Salvador, a mistura do cereal com água reconhecida e abundante, lúpulo e fermento, passa também por alta tecnologia e profissionais com sentidos aguçados. O resultado é um produto competitivo para o mercado. Por que uma mesma marca de cerveja varia de gosto a depender do lugar? Qual a relação entre qualidade e puro malte (sem adição de adjuntos)? Estas e outras perguntas são possíveis no Beer Tour (Tour Cervejeiro), onde se aprende como a cerveja é preparada nas suas diversas fases. Iniciativa do Grupo Petrópolis (RJ), ele é aberto a qualquer pessoa com mais de 18 anos, e não necessariamente amante de cerveja, e precisa ser agendado. Uma das seis unidades do Grupo Petrópolis, a cervejaria de Alagoinhas produz 450 milhões de litros por mês das marcas Itaipava e Crystal e, em breve, Lokal. O Tour Cervejeiro dura cerca de duas horas e termina com momento de degustação e parada na boutique de souvenirs. Para realizar a visita, algumas normas devem ser respeitadas: fotos apenas em locais permitidos; os sapatos são baixos e fechados; e nada de objetos ou roupas que possam escapulir do corpo ou das mãos. No tour realizado para jornalistas, foi o mestre cervejeiro Matheus Facca quem recepcionou o grupo e explicou tintim por tintim do ciclo de produção da bebida: ele começa na Sala de Brassagem, onde água, lúpulo (uma folha prensada e de sabor amargo) e malte (o grão de cevada germinado e depois secado) são moídos e fervidos dentro de tanques de alta temperatura. O fruto dessa mistura é o "mosto" cervejeiro (ou líquido açucarado). A segunda etapa do processo é a adição da levedura. Nesta fase, que dura dez dias, o mosto é transformado em cerveja, e o álcool surge naturalmente da fermentação. Mas falta ainda a maturação, tempo em que a cerveja fica "dormindo" para ser envasada a uma temperatura de zero grau. São cerca de 30 dias, período necessário para garantir o paladar e o aroma da cerveja. A fase final é chamada de filtração e condicionamento e garante brilho e transparência à bebida. Aí chega aquele momento especial para quem gosta de automação, barulho e velocidade (muita velocidade): o tour é encerrado na área de envase, diante de metros e mais metros de tubulações cruzadas; máquinas que lavam e enchem garrafas retornáveis do mercado; robôs que inserem e retiram caixas das esteiras e aplicam selos de proteção nas cervejas. São 62 mil garrafas e 128 mil latinhas produzidas por hora.