- Minhã irmã contou que chegou a fazer programa com ela. Mas, infelizmente, essa minha outra irmã se perdeu. Ela usa drogas, volta e meia foge de casa, foge do abrigo... Infelizmente, não conseguiu dar a volta por cima como a outra - contou.
A volta por cima a que a auxiliar de creche se refere é a recuperação que X. vem mostrando. A garota que até os 14 anos não sabia ler nem escrever começou a estudar. Nas horas vagas, brinca de boneca com amiguinhos, todos mais novos que ela.
- Ao contrário do que poderia se imaginar, ela tem um comportamento de criança. Como perdeu a infância, parece estar querendo resgatá-la agora. É uma criança - disse a auxiliar de creche.
X. fará 16 anos na semana que vem. Para a irmã mais velha, o melhor presente será conseguir esquecer tudo o que passou dos 9 aos 14 anos:
- Ela tenta esquecer todas aquelas coisas tenebrosas. E vai conseguir, se Deus quiser.
A auxiliar de creche lembrou, ainda, que mesmo sem morar com a mãe a encontrou algumas vezes, quando a mulher aparecia em sua casa para uma visita. Nessas ocasiões, ela confrontava a mãe sobre o vício em drogas e bebidas:
- Ela teve oportunidade de se tratar. Não o fez porque não quis. Por isso, não a perdoo e nem sinto nada por ela. Somente a reconheço como a mulher que me colocou no mundo. Não tenho amor nem carinho.
Mãe é procurada
A polícia está à procura da mãe de X. e do homem que comprou a virgindade da menina, o militar da reserva Alexandre Ítalo Oliveira Santos, o Alex, de 60 anos. Também está sendo procurado George Correia Teteu, o Jorge, de 58 anos, acusado de abusar da garota. Nesta quinta, os agentes da DCAV estiveram no último endereço da mãe de X., em Piedade, na Zona Norte do Rio, mas ela não foi encontrada.
Outros cinco homens que estupraram X. foram presos nesta quinta-feira: Humberto Ricardo Marsico Morelli Alves, o Maninho, de 58 anos, usuário de maconha e cocaína; José Henrique Gomes, o Russo, de 63; David Macedo Gonçalves de Aquino, o Davi, de 56; José Belizário da Silva, o Dedé, de 79, e Celso Medeiros Barrientos, o Celso Protético, de 55.
Os acusados foram reconhecidos pela vítima por meio de fotos. Os agentes que ouviram o depoimento de X. sobre os abusos o consideraram chocante. No inquérito, o delegado Marcello Braga Maia, titular da DCAV, disse que a mãe recebia “gorjetas” em troca do sexo com a filha. Segundo o policial, ela submeteu a menina “aos caprichos mais sórdidos de abusos sexuais, aproveitando-se da ingenuidade, fragilidade, pureza de uma criança para envolvê-la com os suspeitos em troca de gorjetas.”
Jornal Extra