Com mais de 1.200 artistas contratados, os festejos juninos já começaram com muita empolgação em mais de 300 municípios da Bahia. Apesar disso, o forró, estilo musical típico e tradicional do período, não é mais o protagonista. Apenas uma banda do gênero está entre os cinco artistas mais contratados no estado. Mastruz com Leite, banda de forró eletrônico, ficou atras dos três artistas mais contratados: Toque Dez, Devinho Novaes, Heitor Costa, de outro ritmo baiano, o Arrocha. Fecha a lista em quinto lugar Tayrone, do mesmo gênero. O cachê destinado a estes artistas também fica para trás quando comparado a outros gêneros. Neste ano, o artista com maior cachê é Gusttavo Lima, do sertanejo, com valor de contrato de R$1,1 milhão, em Luís Eduardo Magalhães. Apenas dois artistas do forró estão entre os mais bem pagos: um deles é Nattan, artista que traz o forró, mas mistura com samba, pagode, música regional brasileira e trap. Wesley Safadão, com forró eletrônico, também está entre os mais bem pagos. Os dados são do Painel Junino do Ministério Público da Bahia. A perda da tradicionalidade e a necessidade de agradar o público são apontados pelo professor Milton Moura, doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia, como uma das principais razões para a falta de protagonismo do forró. Moura avalia como um “absurdo” a hipervalorização de artistas da cultura do rodeio, tradicional do eixo Minas Gerais - São Paulo - Mato Grosso do Sul, em detrimento de artistas locais. “A intenção é conquistar grandes públicos, mas acaba estimulando os públicos de pequenas cidades ou até do campo a acharem que o que é bom é o que vem de fora”, avalia. A opinião de Milton é compartilhada pelo pesquisador e compositor Roberto Mendes, que acredita que há uma falta de compromisso no Brasil como um todo com a cultura. “Não tem um estudo, uma investigação sobre o comportamento nacional com o São João, uma das festas mais populares do país”, aponta.