Pretendia-se acender as luzes deste site com um editorial em que se mesclassem desculpas pelo tempo fora do ar com a alegria de entregar à comunidade brumadense um veículo de utilidade pública, com notícias, entretenimentos e outras ferramentas capazes de amenizar o estio do dia a dia, tornando-se compatível com a grandeza de Brumado.
Mas como a História foge, muita vez, da previsibilidade, abrem-se nossas cortinas para uma homenagem: é que, ontem, às 03h00, despede-se da vida um grande brumadense, não só na esfera física, mas, sobretudo, na estatura moral de cidadão ilibado. Na verdade, poder-se-ia iniciar dizendo que um jacarandá, dos mais frondosos, cumpre seu ciclo terreal, para verdejar outros níveis de vida.
Trata-se do querido senhor Agnelo Santos Azevedo. Tudo que se falar sobre ele corre o risco de descambar para o chavão, clichê, redundância, ou mera repetição. Que nasceu de uma família com 11 irmãos, todos influentes e assaz queridos na cidade; do casamento com D. Celina, lavoura de afetos eternos de onde brotaram seus dez filhos; da dignidade que sempre norteou seus atos e mais uma ampla soma de atributos que lhe reservaram destaque na grande família brumadense.
Preferimos, outrossim, a metáfora de uma árvore forte e frondosa: o jequitibá. Analogamente ao significado em tupi para o nome, “gigante da floresta”, seu Agnelo Azevedo foi esse gigante em tamanho e exemplo de homem e digno cidadão. Não menos que esta árvore de copas largas e acolhedoras, esse brumadense, desde a antiga Bom Jesus dos Meiras à atual Brumado, escreveu uma história de vida frondosa, calcada nos mais nobres ideais, abrindo uma senda de atitudes politicamente corretas, mesmo quando tal conotação ainda não estava em voga.
Não tombou o jacarandá, não se derreou, não se vergou. Fez sua viagem última como alguém que viveu sempre a verticalidade dos fortes, daqueles dotados de hombridade e coragem, grande homem que foi, cujo nome goza das mais cobiçadas referências e dos mais largos elogios.
Assim, há que se afirmar: não morre quem acendeu, na vida, uma tocha luminosa, quem mitigou uma dor, quem educou uma criança, quem ofereceu o pão, quem se deixou escancarar para a fraternidade, quem chorou com uma injustiça, quem ofereceu o ombro, quem estendeu a mão, quem colocou, sobre o alicerce, a pedra angular de um exemplo a ser seguido.
Sendo assim, este site não se despede de seu Agnelo, mas se posta ao seu lado como a tomar-lhe de empréstimo a força, a garra, o ímpeto construtivo de um cidadão que não se deixou aprisionar, senão pelos ideais de justiça e de retidão. Sua história singular e bela não permite espaço para lamentação, mas faculta o regozijo ante a altivez com que encarou a vida e fez história.
Enfim, dizer de coração aberto: - Seu Agnelo, na loja deste site, gostaríamos de oferecer aos leitores o tecido incorruptível de seu exemplo em nobreza, dignidade e honradez.