Todo brasileiro raiz em algum momento da sua existência, principalmente se viveu intensamente os anos 90, já parou para requebrar em algum bate-estaca, encruzilhada, confraternização, batizado, sala de estar, avenida ou até mesmo dormindo ao som de uma música de axé. Contudo, a ascensão de outros ritmos musicais fez com que a crise do ritmo baiano aumentasse a cada dia, obrigando os seus artistas a sentirem saudades da época em que suas músicas chegavam ao topo e conseguiam mobilizar o país com letras que grudavam na cabeça. O movimento foi responsável por emplacar grandes versos no nosso cotidiano como: “Pau que nasce torto nunca se endireita. Menina que requebra a mãe pega na cabeça. Domingo ela não vai. Vai, vai “, “Pra passar batom. De que cor? De violeta, na boca e na bochecha” “Vai buscar Dalila, ligeiro, ligeiro, ligeiro” e “Tá ficando apertadinha, por favor. Abre a rodinha, por favor” que poderiam claramente substituir o lema “Ordem e Progresso” que estampa a bandeira nacional e, aparentemente, em nada representa o nosso país. Mas o que foi tendência nos últimos 20 anos vem perdendo espaço no cenário nacional, fazendo com que o gênero criado na Bahia viva a ressaca da quarta-feira de cinzas constantemente. A situação atual do estilo musical não parece em nada com a época em que Daniela Mercury gritava aos quatro cantos do país que era a cor dessa cidade ou quando o gingado de Carla Perez, junto com o É o Tchan, asssustava as criancinhas nos programas de auditório de Silvio Santos. A questão causa bastante divergência entre especialistas, críticos e os próprios artistas. Enquanto uma parte acredita não existir crise no meio, por conta ainda do grande faturamento das principais estrelas do gênero, principalmente nos carnavais fora de época e na indústria televisiva, outra considera que o movimento não conseguiu se renovar e produzir artistas contemporâneos para bater de frente com as novas especificidades da indústria fonográfica.