É notável que a escola de educação básica em nossa época vivencia inúmeros desafios, muitos deles, provenientes do contexto político, econômico, social, das inovações tecnológicas, entre outros, nos quais estamos inseridos, e que por si só, ou em conjunto demandam profundas transformações estruturais da sociedade, na cultura, para a construção de identidades, nas relações sociais, etc. Fatores esses que, somados, colocam grandes desafios à profissão docente no cotidiano do espaço escolar formal. É mergulhada nesse cenário, e na condição de professora pesquisadora, que trago para o debate as pesquisas educacionais e suas contribuições para de fato, impactar a prática educativa. Não se trata de negar aqui a relevância dessas pesquisas em nosso meio na compreensão dos fenômenos educacionais postos pela contemporaneidade, porém, é de importância ímpar que tais pesquisas, impactem, verdadeiramente, a prática educativa. E para efetivar tal finalidade, chamo a atenção para os referenciais teóricos-metodológicos que acompanham nossas pesquisas de um modo geral, os quais, muitas vezes, se limitam a trabalhar com as “percepções” dos sujeitos pesquisados acerca de determinado objeto de estudo, o que é de suma importância. Porém, é preciso extrapolar abarcando o social, ou seja, valorizar o conhecimento do senso comum, do saber popular, do cotidiano repleto de significados. Neste ponto, destaco a valiosa contribuição do aporte teórico-metodológico da Teoria das Representações Sociais (Moscovici, 1961) e suas vertentes, na qual carregam em seu bojo a valorização do senso comum das comunicações pessoais (sujeito) e grupais (social), uma vez que a representação social “[...] é uma forma de expressão criativa dos sujeitos, situada numa interface entre o psicológico e do social” (ARRUDA, 2014, p. 121). A representação social oportuniza ao pesquisador um olhar psicossocial, portanto, mais abrangente sobre o fenômeno investigado, justamente, por ressituá-lo em campos mais amplos de significações sociais, os quais são dependentes (GILLY, 2001). Até porque, a representação social é um forma de saber prático que não existe num vazio social. Trata-se de uma teoria científica dotada de um enfoque psicossocial envolvendo sempre a representação de alguém (sujeito) e de algo (objeto concreto) em que a subjetividade se faz presente na busca pela interpretação dos sentidos e significados de um dado fenômeno em sua realidade circundante. Em suma, uma teoria que se propõe a explicar determinados fenômenos, para então, agirmos sobre eles.