Brumado: 97NEWS busca esclarecer impasse que envolve o Colégio Getúlio Vargas

(Foto: Luciano Santos | 97NEWS)

A equipe do 97NEWS esteve nesta quarta-feira (25) no Colégio Estadual Getúlio Vargas, buscando esclarecimentos sobre os boatos de que a referida unidade escolar possa vir a passar para o domínio do município, pois esses indícios são cada vez mais fortes. Foram ouvidos alguns professores que se manifestaram contra a decisão do governo do estado sobre o cancelamento das turmas do período vespertino e agora a turma do noturno também. Segundo alguns servidores estaduais da escola, no meio do ano passado foi enviado um oficio pela Secretaria Estadual de Educação informando o encerramento das turmas no período vespertino, e no fim de novembro do mesmo ano, outro oficio foi enviado à direção da escola informando que o período noturno também iria se encerrar. Ao perceber a ação do governo que veio direto do alto escalão, a direção da escola mandou um ofício solicitando da secretaria que esta ação não fosse executada devido aos pais e alunos que trabalham durante o dia, por isso só podem estudar durante o turno noturno. Imediatamente a secretaria de educação, enviou outro ofício dizendo que não poderia fazer mais nada, porque o governo estaria cortando gastos. Mas eis a questão, pois segundo os próprios funcionários da rede estadual, que gastos são estes que vão ser reduzidos, se mesmo com a escola funcionando apenas em um período, que vai ser o matutino, a escola terá o mesmo gasto com água, luz, papelaria e pagamento de funcionários, pois os professores vão ter a carga horária reduzida, mas o salário vai continuar o mesmo. E segundo eles, os professores que ensinam no Getúlio Vargas não vão poder ser remanejados para o Colégio Estadual, devido o CEB estar com o quadro de funcionários no limite. 

 

Os alunos vêm realizando constantes protestos sobre a queda da qualidade da Educação Estadual em Brumado (Foto: 97NEWS)

 

Segundo os professores, o governo alega que de 2015 até agora existe um déficit muito grande nas matrículas dos alunos, sendo 507 matriculados e fechou o ano com cerca de 400. Na evasão noturna começaram com 180 alunos matriculados, e encerrado com, 123 alunos. Segundo os funcionários se eles juntos com os pais não conseguirem reverter a situação, vão pedir exoneração, em abril deste ano. Hoje a escola ainda funciona com dois turnos com cerca de 500 alunos, mas já foi descartado pelo governo, que em 2018 não haverá mais a turma da noite. De acordo com eles, em Caetité tentou-se fechar uma escola estadual, mas com a luta dos pais, de alunos e dos professores, conseguiram reverter a situação. Outro dado que chamou a atenção foi no financeiro, a escola recebia do governo para pagar as despesas em anos atrás, cerca de 30 a 40 mil reais por ano para se manter, em 2015 e 2016 e, agora, em 2017 a verba anual ficará em apenas R$ 6 mil. "Agora eu te pergunto, a escola gasta 6 mil só com a papelaria, e as outras despesas?", argumentou um dos professores. As vezes professores pagam do próprio bolso a compra de caixas de papel, pinceis, tintas e outros materiais. Um questionamento feito por eles é que em vez do governo fechar a escola, porque não trazer projetos educacionais como: o Pro-MI ou ProEja que foi solicitado por eles há anos e até hoje não foi atendido.

 

O Colégio Getúlio Vargas fica localizado bem no centro de Brumado (Reprodução: Google Maps)

 

"Nós já temos aqui uma parceria com Senac, que traz cursos de Língua Portuguesa, Redação, Matemática, Libras  e Espanhol e Pintura”, explicaram. Ainda segundo eles, a queda de alunos no turno noturno foi provocada pela falta de emprego na cidade em 2016, pois grandes empresas fizeram demissões em massa e muitos alunos desistiram de estudar para ir trabalhar fora de Brumado. Outra questão é; se a escola ficar com 30 alunos em cada sala, que é o ideal para todos, a escola não ficaria com déficit, mas a realidade aqui em Brumado é outra, há salas aqui que chegam a ficar com 45 alunos. "Existe um interesse político na educação de Brumado e isso está atrapalhando a educação no município" afirmou outro educador. Para finalizar, segundo os profissionais ouvidos pela nossa equipe, a secretaria estadual cortou o diálogo e não está ouvindo a opinião dos professores, diretores e dos órgãos de Educação da Bahia, pois as ordens estão vindo diretamente do executivo.

 

Em sua última visita a Brumado, que foi acompanhada pelo 97NEWS, o governador Rui Costa garantiu a liberação de recursos para a reforma do GV, mas, devido à crise, ele teria voltado atrás (Foto: 97NEWS)

 

"Outra coisa, foi prometido pelo deputado Luciano Ribeiro em uma emenda, a construção de uma quadra no valor de R$ 119 mil reais, e até hoje nada. Em visita do governador no Getúlio Vargas, ele prometeu na frente de todos a reforma da escola e também não aconteceu. Então, infelizmente, a educação na Bahia vai de mal a pior" finalizou outro professor. Sobre a questão da possibilidade da escola passar para o domínio do município, falamos com a secretária municipal de Educação, Ednéia Ataíde, a qual explicou que “não podemos negar que existe interesse de nossa parte, pois a nossa meta é ampliar a Educação ao máximo no município, mas não tenho nada de concreto sobre essa questão, ainda não sentei com o prefeito para falar sobre esse assunto, então não possa expressar algo mais sólido sobre essa possibilidade”. Segundo novas informações já teria sido estabelecido um pré-acordo entre o município e o estado, que celebrariam uma permuta entre o Getúlio Vargas e a Escola Idalina Azevedo, que poderá passar a oferecer o Ensino Médio, enquanto o GV seria transformada em Escola em Tempo Integral.