A VIOLÊNCIA URBANA BATE À NOSSA PORTA

Engana-se quem pensa que a violência urbana esteja circunscrita a capitais ou metrópoles.

Para nos atermos à nossa aldeia, Brumado, foi-se o tempo em que se podia apreciar, das calçadas, o nascer da lua, ou as noites em que as crianças podiam dar-se ao luxo de se divertirem com as tiradas lúdicas das cantigas de roda, aos olhares embevecidos de pais e avós. Esta cidade, a par das conquistas que o progresso traz, também vive sua via crucis, numa escalada inaceitável de mortes urbanas. Enquanto, segundo dado estatístico de O Globo, caderno País, de 22.08.2013, portanto, hoje, o Brasil continua num patamar de 20 mortes por 100 mil habitantes por ano, geradas pela violência urbana, Brumado, até 21 de agosto deste ano, já exibe uma estatística inaceitável e estarrecedora de 18 mortes. Ora, se analisarmos os números, considerando que ainda estamos em 22 de agosto, portanto a mais de 4 para o término do ano, percebemos que, proporcionalmente, a cidade já tem uma contabilidade que aponta um número de mortes por violência urbana que supera, em 70%, o nível nacional.

Causas? As mesmas questões socioeconômicas, demográficas, culturais e políticas de todo o território nacional e de países no patamar de desenvolvimento brasileiro: má distribuição de renda, educação precária, consumo incontrolável de drogas, geração de empregos em descompasso com o crescimento da população etc.

Há um dado novo em toda esta escalada, qual seja: a violência urbana não tem foco mais em cor de pele, estrato social ou pontos específicos da cidade. É um fenômeno social que tem grassado tanto nos segmentos mais pobres quanto nos mais aquinhoados.

Hoje quando os holofotes do Planalto estão voltados para o Congresso, que vota o novo Código Penal, resta-nos torcer que os mecanismos de contenção da violência e sua prevenção, com esforço do Governo e de toda a sociedade civil, possam ter êxito, e que a vida seja respeitada como bem maior, evitando-se tanta morte, muitas vezes prematura, de jovens ainda no limiar da existência.

Texto: Esechias Araújo Lima