Assistência técnica rural está em crise na Bahia

(Foto: Reprodução)

Pequenos agricultores estão praticamente sem assistência técnica. O estado acabou com a EBDA, o órgão que dava orientação na propriedade e a nova estrutura proposta pelo governo ainda está engatinhando. É como se Atanael Honório estivesse órfão há pouco mais de um ano. Atanael mora em Cabaceiras do Paraguaçu em uma propriedade de oito hectares, onde aprendeu com os técnicos da EBDA a fazer o cultivo no sistema agroflorestal. Sem a orientação que estava acostumado, o agricultor já contabiliza algumas perdas: três pés de coco, dois de pau cigarra e um de tangerina.Já no município de Cruz das Almas, o agricultor Luiz de Jesus anda desaminado com o pouco que vingou na plantação de mandioca. A Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola nasceu em 1991 da fusão da Emater com a Epaba, a antiga Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado, e por 23 anos, representou a junção da ciência com a extensão rural, levando conhecimento e técnica para os 417 municípios da Bahia,
 
 

No lugar da EBDA, o governo do estado criou a Bahiater, a Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural e demitiu quase 1,2 mil funcionários, em nome de um novo modelo de gestão, como conta o secretário de Desenvolvimento Rural, Jerônimo Rodrigues. Até agora, 183 prefeituras baianas fecharam convênios com a Bahiater, o que representa apenas 43% do total de municípios do estado. Como essa reestruturação ainda está em andamento, Atanael e Luiz sentem falta do atendimento no padrão que tinham antes. Luiz Eloy era o técnico que orientava os dois agricultores. “O agricultor, ele só começa a desenvolver as suas tecnologias quando acredita no técnico e para ele passar a acreditar no técnico é preciso que ele tenha confiança. Isso leva tempo”, diz. Fora a fragilidade atual na assistência técnica, a Bahiater ainda não conseguiu abraçar toda a estrutura da extinta EBDA. No município de Conceição do Almeida, a estação experimental está parada. O mato está tão alto que fica até difícil caminhar e toda a estação que um dia serviu de referência para vários estudos agrícolas está abandonada. A estação de Feira de Santana, onde a pesquisa era voltada para o jumento pega e o gado guzerá, está tomada com barracos de sem-terra. Na antiga sede da EBDA em Cruz das Almas ninguém da Bahiater foi autorizado a gravar entrevista, os carros estão sem uso, muitos sem manutenção e com pneus furados. O presidente do Sintagri, o sindicato que representa os ex-funcionários da EBDA, Jonas Dantas, aponta outro problema grave no atendimento aos pequenos agricultores. “A redução da DAP, que é a declaração de aptidão ao Pronaf, que caracteriza o agricultor como agricultor familiar”. Sem a EBDA para preencher a declaração de aptidão ao Pronaf, os sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar estão assumindo parte dessa tarefa.

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