Decisão do STF foi celebrada na sala de Dilma

(Foto: Reprodução)

Dilma Rousseff e seus operadores políticos celebraram com raro entusiasmo as liminares concedidas por ministros do STF para suspender a eficácia do rito de tramitação do impeachment definido por Eduado Cunha. A presidente recebeu a notícia no instante em que estava reunida com o comitê de ministros da coordenação de governo. O vice-presidente Michel Temer, beneficiário direto de um eventual afastamento de Dilma, testemunhou a cena em silêncio. Coube ao ministro José Eduardo Carozo (Justiça) informar aos presentes sobre os despachos dos ministros do Supremo. Primeiro, expôs o teor da liminar expedida por Teori Zavascki. Ainda durante a reunião, veio à luz a decisão da ministra Rosa Weber, que reforçou a anterior. Inicialmente, avaliou-se no Planalto que o STF havia barrado qualque deliberação de Cunha sobre o impeachment. 

Essa interpretação potencializou o entusiasmo. Porém… Verificou-se na sequência que as decisões dos magistrados não retiravam das mãos de Eduardo Cunha o poder de decidir se um pedido de abertura de processo de impeachment deve ser deferido ou enviado ao arquivo. O entusiasmo do governo diminuiu. Mas a atmosfera de celebração foi mantida. Concluiu-se que o Planalto ganha tempo para reconstruir sua base legislativa e tentar se reaproximar de Cunha. Ironicamente, o rito que os ministros do STF suspenderam foi utilizado também por Michel Temer. Prevê a possibilidade de recurso ao plenário caso o presidente da Câmara indefira um pedido de impeachment. Quando comandava a Câmara, Temer mandou à gaveta um processo contra o então presidente Fernando Henrique Cardoso, proposto por José Genoino e José Dirceu, à época deputados federais pelo PT de São Paulo. O petismo recorreu contra esse indeferimento determinado. E Temer transferiu a decisão para o plenário da Câmara, que, por maioria simples, confirmou o arquivamento do pedido de impeachment contra FHC. Nesse ponto, Cunha não fez senão ressuscitar o rito de Temer, facultando à oposição recorrer contra um eventual indeferimento da abertura de processo contra Dilma. Presente à reunião de Dilma com sua coordenação política, Temer se absteve de recordar o passado. (Por Josias de Souza)

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