Brumado: 'Fake News' prejudica projeto de estudantes universitários da Igreja Adventista do Sétimo Dia

Foto: Luciano Santos l 97NEWS

Estudos já comprovaram que os usuários se engajam, promovem e viralizam mais fake news do que temas reais. E o pior, boa parte das pessoas sabe que são falsas, mesmo assim, compartilham. As mensagens falsificadas ou deslocadas estão cada vez mais sofisticadas e bem produzidas. No entanto, as fake news podem gerar um impacto grande em uma pessoa ou instituição. E o relato que nós vamos contar agora gerou uma repercussão negativa em Brumado e pode acabar com um projeto que envolve jovens universitários da Igreja Adventista do Sétimo Dia, juntamente com a Casa Publicadora Brasileira, na qual possibilita jovens à custearem seus estudos através de literaturas voltadas para diversas áreas da vida, física, mental e espiritual. O projeto “Sonhando Alto” trata-se de uma iniciativa do Ministério de Publicações da Igreja Adventista que visa oferecer a jovens estudantes a oportunidade de estudar em uma universidade. É focado em jovens que têm dificuldades para realizar o pagamento de seus estudos. Mais de 15 mil estudantes já foram beneficiados com o projeto que consiste na venda de livros cristãos durante o período de férias escolares. Em Brumado o projeto atende  17 jovens que estão na cidade há cerca de três meses. Entretanto, faltando uma semana para encerrar às atividades, um grande contratempo prejudicou os jovens. Ocorre que na última terça-feira (23), no meio da tarde, dois dos estudantes visitaram um morador em um determinado bairro da cidade, o qual inclusive gostou do projeto e realizou a compra de um dos livros, tranquilamente sem nenhum problema. No entanto, no dia seguinte, sem que os estudantes soubessem, o homem compartilhou uma foto com um áudio difamando os jovens. No conteúdo do áudio o qual o site 97NEWS teve acesso, o suposto cliente afirma que foi roubado e que ninguém da cidade deveria receber os estudantes porque havia caído em um golpe.

Foto: Luciano Santos l 97NEWS

Entretanto, tudo não passou de uma desinformação por parte do homem, já que o mesmo teria confundido o pagamento do material que fez aos estudantes com outra compra realizada na internet. No dia seguinte, o cliente fez uma retratação com vídeos e áudios afirmando que havia se confundido com as compras e que por isso gravou o áudio. Mas mesmo com a retratação do suposto cliente afirmando que o que ele disse era mentira, o vídeo não repercutiu tanto como a fake news que foi espalhada. Com isso o projeto foi interrompido em Brumado. Em entrevista ao 97NEWS, Fábio Ian Batista, que é natural de Manaus e há 4 anos estuda na Bahia, explicou que com a ‘colportagem’ -- atividade de distribuição voluntária e independente de publicações de conteúdo religioso e temas relacionados à saúde e qualidade de vida em família – eles conseguem pagar os estudos. “É um projeto que custeia os jovens universitários que não tem condições de pagar por uma faculdade”, disse. Segundo o universitário, com o áudio espalhado nas redes sociais, o projeto foi comprometido e os estudantes podem ter dificuldades em terminar o curso na Bahia. Raiane Oliveira, 18 anos, ainda não ingressou na faculdade, mas já busca no projeto o seu sustento, e assim começar os estudos. “É um modo que a gente viu de ingressar na universidade, já que nossos familiares não possuem condições financeiras para arcar com os custos, porque é muito caro”, afirma.

Foto: Luciano Santos l 97NEWS

Conforme Fábio, com o compartilhamento do áudio feito pelo cliente atendido, os brumadenses não querem atender mais a equipe de estudantes. “Com essa desinformação, as pessoas não querem mais apoiar o projeto, e isso pode encerrar nossas atividades e os cursos dos estudantes podem ser comprometidos”, diz. Na compra em questão realizada pelo cliente, o valor do exemplar vendido foi de R$ 250 divididos em seis vezes, mas o cliente havia alegado que o valor teria sido maior, o que foi desmentido posteriormente pelos estudantes. “Nós mostramos a ele que a compra foi o valor correto, mas ele se confundiu com outra compra no seu cartão, realizada pela internet, e gravou o áudio com a desinformação”, explica Fábio. Após toda repercussão do caso, o homem chegou a gravar vídeos e áudios pedindo desculpas e desmentindo a informação anterior. Entretanto, segundo os universitários, mesmo assim, a informação fake ainda continua sendo compartilhada. “Como o áudio e a foto foi basicamente transmitida a todas as cidades da região, passou a nos prejudicar e ninguém não quer nos receber, uma vez que temos uma meta de venda dos livros, o que nos garante a permanência na faculdade”, afirmou Marciel Oliveira, 28 anos. O grupo espera que a desinformação pare de ser compartilhada e o projeto volte a ser exercido em Brumado.