Advogado contesta versão da PM sobre policial alvejado durante abordagem em Lagoa Real

Foto: Luciano Santos l 97NEWS

O advogado Juscilei Ramos da Silva, responsável pela defesa do morador de Lagoa Real, identificado apenas com as iniciais J.S.O detido (veja aqui) pela Polícia Militar na noite do último sábado (6), informou ao 97NEWS que solicitou as imagens das câmeras de segurança de estabelecimentos comerciais da cidade e que levará o caso á Corregedoria da Polícia Militar da Bahia. O advogado contesta a versão da 94ª Companhia Independente de Polícia Militar (94º CIPM) localizada em Caetité, de que o seu cliente de 33 anos teria tentado contra a vida de um policial militar durante abordagem na Avenida Santa Maria, ocorrida às 19h30, no centro de Lagoa Real. "Essa é uma versão que falta com a verdade uma vez que não houve abordagem de forma nenhuma, o policial estava à paisana e em um bar central de Lagoa Real. Na ocasião, anteriormente o nosso cliente acusado soltou duas bombas no centro de Lagoa Real  a qual a praça está em reforma. Posteriormente, chegou esse policial e pediu pra que ele se retirasse do local e fosse embora. Meu cliente disse que não que a praça era pública e ficaram no bar tomando cerveja", disse o advogado ao 97NEWS e acrescentou que vídeos mostram os dois conversando. "Inclusive os dois em vídeo gravado por clientes no estabelecimento mostram os dois na paz, um abraça o outro conversando e dai em diante começa acirrar o clima", disse.

O vídeo mostra os dois conversando - Foto: Reprodução l Vídeo

Segundo Juscilei, durante a discussão, o policial que estava sem farda agride seu cliente. "O policial dá duas coronhadas na cabeça do acusado e um tapa no rosto. Passado isso a esposa do meu cliente o convence a ir embora e depois de 20 ou 30 minutos chega uma viatura da Polícia Militar com mais dois policiais a serviço", afirma o advogado. De acordo com Ramos, o seu cliente foi abordado dentro de sua residência e um disparo de arma de fogo foi dado pelo PM e a bala ricocheteou e fragmentos o atingiram. "O policial foi atingido por um projétil que ele mesmo efetuou, não existe essa falácia de que o acusado reagiu a abordagem, isso é uma inverdade, foi dentro da casa do acusado em uma abordagem ilegal que viola a constituição uma vez que a casa é um asilo inviolável", diz. 

Possível local em que fragmentos ricocheteou - Foto: Reprodução l Vídeo

Conforme o advogado de defesa, o homem foi agredido dentro da casa na presença de familiares. "Espancaram tanto o rapaz, quanto a esposa, como estavam embriagados [acusado e policial] ocorreu o disparo, mas não por parte do nosso cliente, até porque ele não tem arma, e a arma é de uso restrito e registrada tem o nome do dono da arma que posteriormente será elucidado com mais clareza", disse. Ele ainda afirma que todos os indícios apontam que, ao contrário o que diz o PM, o atentado foi contra o seu cliente. "Quem está com a arma é o policial, foi ele que tentou contra a vida do meu cliente, e os outros dois policiais que estavam dentro do recinto também vão responder, porque na ocasião quando o policial dispara e atinge o abdome dele, os colegas pegam o policial e prestam o primeiro socorro, leva para o hospital e há relatos em Lagoa Real que o policial que estava a paisana e embriagado aparece na unidade hospitalar fardado, o que caracteriza crime contra o inquérito, porque mudaram a cena do crime", afirmou.

Marcas de sangue no piso da residência - Foto: Reprodução l Vídeo

De acordo com o advogado, nesta quinta-feira (11), ele vai pedir o relaxamento da prisão de J.S.O. "A gente pediu o relaxamento da prisão, primeiro que se ele tivesse cometido algum crime, já estaria errado o tratamento dado ao suposto criminoso. Para, além disso, a gente já pediria o relaxamento pela ilegalidade da prisão, que segundo eles foi em flagrante. Mas flagrante que acontece num dia e prende no outro. E mais ainda viu, os policiais chegaram em Caetité com o acusado as 05h da manhã do domingo, quer dizer, pegou o rapaz na casa dos pais por volta de meia noite... e de Lagoa Real a Caetité são 60 km, se a gente colocar que durou muito esta viagem uma hora da manhã já deveriam ter chegado na Delegacia de Caetité, mas eles entregaram meu cliente às 05h da manhã e, a gente investiga o que fizeram com este rapaz nesse trajeto", disse o advogado. Em nota, a 94ª Companhia Independente de Polícia Militar (94º CIPM) de Caetité, disse que a informação divulgada pela instituição reflete as informações disponíveis colhidas no momento da ocorrência. “Não tenha dúvidas que haverá apuração que verificará a veracidade dos fatos a fim de que a justiça seja alcançada”, garantiu a Companhia.