Brumado: Novas restrições ampliam dificuldades do 'chapa de caminhão' em conseguir levar sustento para casa

Foto: Luciano Santos l 97NEWS

Quem passa pelas rodovias da região, sabe que existem alguns personagens bastantes comuns pelos caminhos, é o caso do "chapa de caminhão", figura muito encontrada nas paradas de caminhoneiros e nos postos de combustíveis. São chamados assim por conta das placas de anúncios que exibem nas estradas. Essas placas são normalmente improvisadas em papelão, madeira ou outros materiais reaproveitados. Ainda pouco valorizados, esses profissionais são de grande importância para quem trabalha transportando carga e podem oferecer ótima parceria aos motoristas de caminhão. Além disso, são trabalhadores avulsos, e prestam serviços para diversas pessoas físicas ou jurídicas, mas sem o vínculo empregatício, sua função é, basicamente, descarregar todo tipo de mercadoria como: alimentos, móveis, materiais de construção e diversos outros produtos. Em Brumado, a categoria vem tendo dificuldades para conseguir colocar o pão de cada dia em casa. André Luiz, 48 anos, disse que atua como chapa há 20 anos, mas que nunca viveu uma situação dessas. "Tá difícil trabalhar. Um dia é lockdown, no outro vem as restrições que limitam o horário de trabalhar. As empresas diminuíram o volume de entrega, então para colocar comida em casa não está fácil. E sem contar com o auxílio que nos ajudava, foi cortado", afirma ao 97NEWS. As novas restrições impostas pelo Governo da Bahia para conter o avanço do novo coronavírus e desafogar os hospitais vão trouxe impacto para setores diversos da economia. De acordo com Luiz, o setor já vem sofrendo desde o início da pandemia. Com dois filhos em casa, uma menina de 11 anos, um garoto de 8, ele e a esposa, a situação se agrava a cada dia. "Até dezembro, a gente contava com ajuda federal para comprar a feira, o que não existe mais", lembra. "Vô falar a verdade pra você, hoje (02) não tenho um centavo no bolso. Meu último trabalho foi na semana passada", diz. Esta semana, o governo anunciou a volta do auxílio, mas com o valor reduzido, sendo R$ 250 para cada pessoa. Para Gilberto, 65 anos, e não é aposentado, a situação é mais grave ainda. "A gente não pode basear nossa situação com as dos outros, aqui é igual maré, um dia tá ata, no outro tá baixa. O serviço de chapa é assim, hoje tem, amanhã não tem", disse. Com 21 anos, Gabriel é o mais novo do grupo e estudou até a oitava série, e trabalha como chapa para ajudar no sustento da família. "Estamos aqui né... eu e meu irmão auxiliando no sustento da casa", diz. Ronaldo dos Santos Oliveira, 47 anos de idade e vinte anos de profissão, lembra que esse é o pior período da história em seu trabalho. "Essa pandemia veio pra ficar na história, e como parou tudo, tem um mês que não coloco nada em casa", afirma Oliveira.