Com 76 anos de idade e 51 de profissão, barbeiro resiste a modernidade em Brumado

Antônio Xavier tem 51 anos de profissão - Foto: Luciano Santos l 97NEWS

Barbeiro, uma das profissões mais tradicionais do mundo resiste ao tempo. Apesar da tradição, o barbeiro vem perdendo seu espaço para os grandes e modernos salões de beleza. Atualmente são poucos estabelecimentos que mantém esse serviço. No Centro de Brumado por exemplo existem algumas barbearias que sobrevivem dos clientes fiéis, que não trocam a perfeição do serviço oferecidos. Antônio Xavier dos Santos, 76 anos, exerce a profissão de barbeiro há 51 anos, e diz que os barbeiros estão com os dias contados. "Antigamente não tinha curso de cabeleireiro, a gente aprendia olhando", conta. Para ele, que aprendeu o ofício com seu amigo, está faltando interesse da nova geração. "Não se vê mais os jovens querendo essa profissão, eles investem em cortes de cabelo, mas como barbeiro não", completa Xavier que trabalha na Exuperio Pinheiro Canguçu, centro comercial de Brumado. Natural do município de Contendas do Sincorá, assim como outros conterrâneos, adotou Brumado como a "Terra Natal". Conforme Antônio, a nova geração não quer aprender a profissão. "Hoje em dia a gente sobrevive e só. A profissão está acabando pois o que surge são cabeleireiros", comenta. Ele ainda trabalha com uma relíquia, que segundo ele, tem cerca de 80 anos. A cadeira de barbeiro, um instrumento que foi a base do sustento da família por várias décadas. "Essa cadeira aqui deve ter entre 80 e 100 anos, a fabricante não colocava a data, mas ela veio de outras gerações", disse. 

Instrumento de trabalho ajudou à criar os filhos durante várias décadas - Foto: Luciano Santos l 97NEWS

A tecnologia e a modernização dos aparelhos de barbear também contribuíram para o afastamento dos homens. Hoje em dia muitos homens preferem fazer a sua própria barba, em casa. "Os fregueses mais tradicionais continuam vindo aqui, mas os mais modernos preferem fazer a barba em casa. quando vem aqui [barbearia] só cortam o cabelo", explica. Dentre as celebridades, o seu Antônio tinha clientes como o pai do prefeito Eduardo Vasconcelos. "Há eu tinha o seu Virgílio, pai do prefeito, Mirandinha, o próprio Coronel Zeca Leite, que já foi meu cliente. Na época, eu cortava o cabelo na casa dele", afirma. Os novos salões trazem novas técnicas e tendências que atraem mais clientes. As barbearias se tornaram obsoletas para muitos, mas a perfeição e o capricho dos antigos barbeiros é incomparável. A habilidade com as lâminas e a rapidez fazem do barbeiro uma profissão única. "Enquanto Deus me der saúde eu estarei aqui. Graças a Deus sou aposentado, formei três filhos eu e minha esposa, todos são formados e uns até empresário. Mas enquanto eu tiver tocando [pandeiro], estarei aqui", conta sorridente Xavier. Nas antigas culturas, quem pegasse na barba ou cabelo de uma pessoa, era severamente punido, pois significava um atentado à honra e uma intromissão em sua psique. Assim, a profissão de barbeiro foi associada à manutenção da saúde física do indivíduo.

Aos 76 anos, ele ainda pretende trabalhar muito - Foto: Luciano Santos l 97NEWS