Bahia registra a maior taxa de casamentos entre crianças e adolescentes

Foto: Reprodução l Unicef

Em 2017, a Bahia registrou mais de 7,7 mil casamentos entre garotos e garotas com menos de 19 anos, segundo dados divulgados pela ONG Plan International Brasil. Por dia, em média, são 21 matrimônios oficializados envolvendo crianças e adolescentes no estado. A maior parte dos casamentos infantis envolve meninas: em 80% dos 7,7 mil estava envolvida uma mulher de até 19 anos. Em dois casos, elas tinham menos de 15 anos. Os dados são da pesquisa “Tirando o Véu”, realizada pela ONG em parceria com a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO). Para o levantamento, foi realizada uma investigação nas cidades baianas, com meninas casadas e não casadas abaixo de 18 anos, mulheres de 18 a 25 anos que se casaram adolescentes, meninos não casados, maridos que se casaram com adolescentes e famílias. O estudo também entrevistou líderes comunitários e religiosos, além de agentes públicos, especialistas e organizações da sociedade civil. No geral, as meninas se casam com homens mais velhos, com maior instrução formal e melhores perspectivas econômicas, o que as coloca em posição de desigualdade, sujeitas a violências de gênero. Os casamentos precoces costumam acontecer devido às pressões sociais e morais ligadas à vivência da sexualidade, como a reprovação do sexo antes do casamento. Por isso, grande parte das uniões formais ou informais acontecem depois de um período curto de relacionamento amoroso -- de um mês a um ano. A Organização das Nações Unidas (ONU) considera um casamento como infantil quando um dos noivos tem menos de 18 anos. O Brasil é o quarto país do mundo com o maior número de uniões com menores, atrás de Índia, Bangladesh e Nigéria. Uma lei aprovada em 13 de março pelo presidente Jair Bolsonaro proíbe qualquer casamento com adolescentes menores de 16 anos no Brasil.