Brumado: Crianças de 08 anos viciadas em crack mostram a dura realidade das drogas que ‘ninguém quer ver’

Em Brumado crianças já foram mote de reportagem do 97NEWS pelo uso de crack (Foto: 97NEWS Conteúdo)

Com o crescimento assustador das desigualdades sociais no Brasil, concomitantemente com o avanço do crime organizado, a proliferação das drogas, principalmente do crack, se tornou uma “luta in glória” para as autoridades que têm que enfrentar as “cracolândias”, ao melhor estilo “Walking Dead”. Trazendo essa realidade para Brumado, há cerca de 20 anos atrás a imprensa já projetava que a proliferação das drogas iria ser inevitável se as autoridades não se mobilizassem numa grande “cruzada”, mas, infelizmente, o aviso não foi aceito, sendo inclusive condenado por integrantes da justiça que afirmaram que notícias como essas só iriam prejudicar a sociedade, pois o consumo de tóxicos na cidade era inexistente. Passados duas décadas, a história comprovou o que ninguém queria ver, onde um grande número de jovens, adolescentes e até crianças estão entregues ao vício. A família que podia ser o foco da resistência, também sucumbiu, pois além da transformação das leis, um novo ordenamento social, acompanhando de uma forte inversão de valores do passado, acabou sendo o esteio para que muitas vidas que poderiam ter um grande futuro pela frente, ficassem “ajoelhados” ante à dependência química. Mesmo que pareça um grande exagero esse quadro é um filme da vida real, tendo sido comprovado pela coordenadora da unidade do CAPS Monsenhor Fagundes de Brumado, Liliane Martins, que em entrevista ao 97NEWS, confirmou que inúmeros jovens e adolescentes são pacientes da instituição e vêm lutando para se livrar do vício do crack.

Foto: 97NEWS

Agora o que mais causou estarrecimento foi a afirmação de que crianças a partir de 08 anos já apresentam dependência química e estão recebendo os cuidados da instituição, juntamente com os seus familiares. "É um trabalho hercúleo e muito desafiador que merece todo o reconhecimento da sociedade, mas é necessário muito mais, ou seja, ações muito mais significativas dos governos federal, estadual e municipal, que já deveriam ter se mobilizado e implantando um CAPS/AD que atende os dependentes de álcool e drogas, dentro das diretrizes determinadas pelo Ministério da Saúde, que tem por base o tratamento do paciente em liberdade, buscando sua reinserção social", comentou. Outro fator preocupante, é o número cada vez maior de crianças, adolescentes e jovens com quadro de depressão em Brumado. Segundo a coordenadora, os números só vem crescendo. "É um fator que a sociedade as vezes não enxerga, mais esse quadro vem de dentro das próprias famílias, que dentro de casa, acabam influenciando as crianças, jovens e adolescentes a usarem qualquer tipo de droga, sejam entorpecentes ou até mesmo o álcool", relatou Martins. Campanhas de consciência nas escolas sobre os malefícios das drogas teriam que ser potencializadas, mas, mesmo diante deste quadro negativo, sempre existe a esperança, mas ela sozinha não tem poder de mudança, então que se promova a ação, para que o futuro de milhares de crianças e adolescentes brumadenses não seja destruído pela insensibilidade dos que poderiam fazer e não fizeram, que fecham os olhos para a realidade de que mini cracolândias já existem na cidade.