Setembro Amarelo: mês de prevenção ao suicídio, problema que tem apresentado dados alarmantes

Foto: Divulgação

Um possível caso de suicídio, ainda em investigação, que ocorreu em Pernambuco, alerta para o risco de crianças e adolescentes se envolverem em situações que podem levar a mutilações e até a morte. Uma criança de 9 anos encontrada pelos pais enforcada em uma árvore por um fio, no quintal de sua casa, pode ter relação com o chamado desafio de "Boneca Momo", tem circulado no WhatsApp. Nesta semana, também em PE, uma menina de 13 anos cortou os pulsos de pois de manter contato com perfil “Boneca Momo”, mas foi socorrida e passa bem. De acordo com Nadja Pinho, psicopedagoga da Holiste, salienta que uma das dificuldades em se identificar o risco de suicídio entre os jovens é que, naturalmente, essa fase da vida já é marcada por grandes mudanças de comportamento. O problema reside em separar o que pode ser considerado um comportamento normal daquilo que merece a atenção de um especialista. “Aquele aluno que nunca teve problemas disciplinares e que, de repente, começa a filar aula, se envolver em confusões e brigas; ou o aluno que nunca teve problemas com notas passa a ter um rendimento escolar muito abaixo da média, comprometendo sua aprovação nos exames. Esses dois perfis merecem a atenção dos pais, educadores e colegas, pois estes são indícios de que algo não está bem com o jovem”, pontua Nadja.

A psicopedagoga admite que em alguns casos os indícios podem ser mais sutis. “Certos casos vão apresentar sinais mais pontuais, que não chegam a comprometer o rendimento escolar, mas que podem caracterizar um risco. Os adolescentes tendem a amplificar o seu sofrimento, pela falta de experiência em lidar com suas emoções. Ao se deparar com essas situações de sofrimento, o jovem pode desenvolver um episódio depressivo”, alerta a especialista.

A psicóloga da Holiste, Ethel Poll, alerta para o uso excessivo da internet e os desafios que isso representa para os pais. “Educar os filhos neste universo digital se torna um grande desafio, pois é um espaço aberto, uma terra sem fim, e neste meio as crianças e adolescentes estão sendo diariamente bombardeados com os mais diversos tipos de influências e informações, muitas vezes sem a mediação de um adulto responsável”, aponta

Ethel completa que a criança está numa fase de construção do seu mundo psíquico, de suas defesas e de estruturação da sua subjetividade, e nem sempre está pronta para absorver, compreender e elaborar certas influências e informações disponíveis nas redes.

SETEMBRO AMARELO

Desde 2014 o Brasil conta com uma campanha de conscientização sobre o suicídio: o Setembro Amarelo. A campanha tem o objetivo de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo, suas formas de prevenção e a importância de se falar sobre o tema. A campanha mobiliza a equipe da Holiste Psiquiatria, que participa e promove eventos sobre o tema, tendo o mote de que suicídio se previne com informação.

 

Atenção aos sinais:

1 – A adolescência é um período de grandes transformações. É preciso estar atento e observar mudanças drásticas de comportamento e abrir espaço para o diálogo;

2 – Quando identificar que algo não está bem com o adolescente, evite julgamentos e comparações. Ao invés disso, tenha um comportamento acolhedor, demonstre empatia, interesse e disponibilidade em ouvir o que está o incomodando;

3 – Comportamentos de total isolamento social devem ser observados com cuidado;

4 – O mal rendimento escolar pode ser o indicador de algo não está bem, assim como a falta de desejo de ir à escola;

5 – Às vezes o adolescente pode manter um bom rendimento escolar, mas apresentar problemas comportamentais. Advertências, suspenções, envolvimento brigas, desrespeito a professores e outros membros do corpo pedagógico pode ser um sinal de que algo não está bem com o adolescente;

6 – O uso de drogas, lícitas ou ilícitas, deve ser observado com bastante atenção e discutido entre pais, adolescentes e educadores;

7 – Automutilações, ameaças ou tentativas de suicídio devem ser levados à sério e nunca encarados como forma de chamar a atenção para si. Nesses casos, um especialista deverá ser consultado com urgência;

8 – Psiquiatras e psicólogos são uma ajuda importante, não vão traumatizar o seu filho. Eles fazem parte da solução, não do problema, pois crianças e adolescentes podem se sentir mais à vontade para conversar com alguém que não seja seus pais;

9 – Tratamentos e medicações devem ser sempre recomendados e acompanhados por um especialista qualificado. Não utilize em seus filhos o tratamento que um (a) amigo (a) utilizou no filho dele (a). Os tratamentos em saúde mental são sempre individuais, respeitando a singularidade e a história de vida de cada pessoa;

10 – Falar sobre o suicídio é sempre a melhor escolha! Escute e converse com seus filhos, seja sempre o local seguro para que qualquer tipo de assunto possa ser abordado, tornando-se presente nas questões que eles acham importantes!

CONTINUE LENDO