'Sertânia': Com gravações encerradas em Brumado e Conquista, o longa de Geraldo Sarno remonta pré-canganço e discute injustiça

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Com o encerramento das cenas nos municípios de Milagres, Brumado e Vitória da Conquista, “Sertânia”, o mais novo filme de ficção do cineasta baiano Geraldo Sarno, usa o pano de fundo do Sertão dos anos 1920 e cangaço pré-Lampião. O longa-metragem que agora vai para pré-produção, conta a história de Antão, um homem que nasceu em Canudos e que com o fim da guerra, ainda criança, é levado por um militar a São Paulo, junto com sua mãe. Após a morte dela, já adulto, ele decide retornar e acaba se metendo no mundo do cangaço, na cidade fictícia de Sertânia, onde recebe outros dois nomes: Jararaca e Gavião. Contada de forma subjetiva e não linear, a história é uma projeção dos pensamentos do protagonista, que, segundo o diretor, na verdade é um anti-herói. “Se passa na cabeça, na memória dele. Porque ele foi ferido com uma bala no peito, e o filme começa com ele se arrastando na caatinga e se escondendo”, narra Geraldo Sarno. 

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“Ele delirante, febril, caído na caatinga, aguardando a volta do grupo, que não volta”, contextualiza. Cronologicamente, tudo isso se passa em um dia, desde o ferimento à prisão, mas as memórias do protagonista remontam sua vida inteira, levando-o de volta à infância e à sua cidade natal. “O delírio que lhe ocorre quando ele no sonho retorna a Canudos para buscar o pai, que foi morto lá quando ele era menino. Ele reprimiu essa memória do pai morto e volta pro sertão, na verdade, nesta busca”, explica o diretor. “Ele faz uma viagem ao inferno e o inferno dele é Canudos destruída”, acrescenta. O longa-metragem “Sertânia” teve todas as cenas gravadas em junho deste ano, com grande participação da população de Milagres e Brumado. “O filme é feito através de edital de filmes de baixo orçamento, de estímulo à criação, e tivemos apoios locais, como das prefeituras”, conta Geraldo Sarno. “Agora vamos nos dedicar à montagem e ver se o filme fica pronto até o final do ano”, acrescenta.