Saúde: 88% dos celulares em salas cirúrgicas estão contaminados

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Ricos em funções e aplicativos, os smartphones é o objeto pessoal presente no dia a dia de profissionais das mais variadas atividades. Agora, isso começa a ser questionado na medicina. Um estudo microbiológico desenvolvido pelo cirurgião Cristiano Berardo, da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), acendeu o alerta. Cerca de 88% dos celulares de cirurgiões, anestesistas, enfermeiros e outros profissionais dentro da sala da cirurgia no momento das operações estavam colonizados por bactérias relacionadas a infecções hospitalares. A pesquisa fez uma avaliação nos aparelhos de 50 profissionais que trabalhavam no bloco cirúrgico cardíaco do Hospital Português, no Recife, que faz cerca de 80 operações com tórax aberto por mês. Foram encontradas bactérias em 44 smartphones. A Staphylococcus coagulase negativa, da mesma família da bactéria comum nas infecções de ferida operatória de cirurgias cardíacas, foi a mais frequente. Também foram encontradas as bactérias Bacillus subtillis e Micrococcus. A infecção na ferida é uma das preocupações do pós-operatório. A avaliação foi feita passando hastes flexíveis na superfície dos celulares e analisando o material coletado. Berardo diz que o hábito de deixar celulares em salas de cirurgia é comum em unidades de saúde. A infectologista Carla Sakuma, da Sociedade Brasileira de Infectologia, diz considerar os dados preocupantes. “Analisar 50 celulares pode até parecer pouco significativo, mas nós, profissionais de saúde, sabemos que a prática existe e é comum em muitos hospitais”, afirma. Em uma nota técnica, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) orienta os centros de saúde a criar “estratégias e ações que alertem as equipes de saúde para adoção de comportamentos para prevenir transmissão relacionada ao uso dos celulares”.