Mais de 800 mil baianos enfrentam racionamento de água

(Betto Jr./Arquivo CORREIO)

Água é artigo de luxo para a professora Maria Célia Pacheco, 59 anos. É que na casa dela, no município de Mairi, o líquido só cai nas torneiras umas duas vezes por semana. O drama de Maria Célia é compartilhado por outros 836.250 baianos que vivem nas 40 cidades afetadas pelo racionamento de água no estado. Das 366 cidades abastecidas pela  Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), órgão ligado ao governo do estado, 11% delas deixaram de ter o fornecimento de água diário. Em fevereiro, o problema afetava apenas quatro cidades. Outros sete municípios que passaram por racionamento voltaram a ter o fornecimento normalizado nos últimos três meses. “É sempre assim, cai água duas vezes por semana, no máximo. Tem ruas que, por causa da localização, cai mais vezes, mas tem outras que passam até uma semana sem cair água”, diz Maria Célia. Membro da Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Mata do estado, zona rural de Capim Grosso, Suzana Lima de Matos, 27, vive a 51 quilômetros de Maria Célia, mas tem o mesmo problema - a falta de água. Ela diz que o líquido chega a faltar por até uma semana na cidade: “Tem muita gente reclamando, indo para a casa de quem ainda tem água no reservatório. Falta água para tudo”. Se na cidade, a falta de água já afeta   a vida da população, na zona rural a situação consegue ser ainda mais crítica. No povoado de Mata do Estado, onde moram 130 famílias,  há apenas 15 cisternas com capacidade para armazenar 52 mil litros de água. Mas elas não conseguem acumular água porque não chove.“Quando vem chuva é muito fraca, não faz volume. Faz tempo que não chove forte. Por conta da falta de água, a criação de porcos está afetada. Porco precisa de água para ficar gordo, mas os daqui estão bem fraquinhos. Só não está pior porque a maioria das pessoas tem Bolsa Família”, destaca. A Embasa explica que o racionamento é por conta do longo período de estiagem, que atinge a Bahia e da diminuição do nível dos mananciais (barragens, açudes, rios e poços) utilizados para abastecimento. Entre elas, as barragens de Pedras Altas, São José do Jacuípe e Ponto Novo. Ainda segundo a Embasa, a medida é adotada para evitar que os sistemas de abastecimento entrem em colapso e, ao mesmo tempo, é necessária para garantir a continuidade do serviço até que volte a chover nas regiões afetadas pela seca. Por conta do racionamento preventivo, a distribuição de água tem sido feita em dias alternados, para diferentes áreas da cidade, com intervalo médio de dois dias, diz a Embasa.