Em posse de Raquel Dodge na PGR, Temer pedirá harmonia entre Poderes

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Em guerra declarada com o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, o presidente Michel Temer vai adotar um tom conciliador e defender a independência e maior harmonia entre os Poderes no discurso que fará nesta segunda-feira, 18, na posse de Raquel Dodge. Ela é a primeira mulher a assumir a Procuradoria-Geral da República (PGR), o que também será destacado na fala do presidente. A expectativa é de que Temer não faça menção a Janot em seu breve discurso na cerimônia, marcada para as 8 horas, na sede da instituição. Em seguida, o presidente embarca para os Estados Unidos, onde participa da Assembleia-Geral da ONU. Alvo de duas denúncias e um inquérito apresentados na gestão de Janot, o presidente pretende chamar a atenção para a participação feminina no comando de órgãos ligados ao Judiciário – além de Raquel no Ministério Público Federal, Cármen Lúcia no Supremo Tribunal Federal (STF) e Laurita Vaz no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Outro desafeto do ex-PGR, o ministro Gilmar Mendes, do STF, também tem presença confirmada na cerimônia desta segunda-feira. Há dez dias, o ministro chegou a dizer que Janot foi o procurador-geral “mais desqualificado da história”. Janot deixa o cargo após enfrentar o seu pior momento – em suas próprias palavras – na reta final do mandato. O ex-procurador rescindiu na semana passada o acordo de colaboração premiada com executivos do Grupo J&F após suspeitas de “jogo duplo” de um de seus auxiliares, o ex-procurador Marcello Miller, que teria orientado a delação. O desfecho do acordo, o mais bombástico da gestão de Janot tanto pelos benefícios aos delatores como por acusar diretamente o presidente da República, abriu brecha para uma série de críticas ao ex-procurador-geral.