Ameaçada pela especulação imobiliária 'Pedra de Xangô' será preservada após tombamento

Pedra de Xangô passou por limpeza ontem (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO)

Orixá da justiça, Xangô é rei e onipresente. Em Salvador, ele tem um de seus palácios. É a Pedra de Xangô, em Cajazeiras 10. Só que o monumento sagrado – um dos principais símbolos das religiões de matriz africana na cidade – não vem sendo tratado como deveria. Por isso, o sonho de muita gente, como da ialorixá Iara de Oxum, era ver a Pedra de Xangô ser preservada pelo restante da sociedade. “Há oito anos, lutamos por isso, com a criação da Associação Parque das Águas e com a Caminhada da Pedra de Xangô, que teve a primeira edição em 2010. Antes, isso aqui era tudo mata fechada, mas começaram a vir moradores, invasões e muito descaso”, lembra Mãe Iara, uma das vozes mais ressoantes no processo de tombamento da Pedra. Agora, o anseio de Mãe Iara e de tantos outros adeptos do candomblé deve receber uma resposta: hoje, às 14h30, a Pedra de Xangô será oficialmente tombada pelo município. Segundo a prefeitura, o processo de tombamento foi aberto a partir das solicitações de entidades como a Associação Pássaros das Águas, presidida por Mãe Iara, e a Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro-Ameríndia, além da Câmara Municipal. A Pedra de Xangô é o terceiro bem tombado pelo município - antes, foram o terreiro Vodun Zo e o Cristo da Barra.  “A Pedra de Xangô é um grande marco de resistência do bairro de Cajazeiras e da comunidade negra de Salvador. Ela tem uma importância muito grande porque ali era um quilombo e ela se transformou numa grande referência para as religiões afro-brasileiras. É um monumento importantíssimo que corre o risco de ser destruído para a especulação imobiliária”, opina o presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Fernando Guerreiro. A entidade é a responsável pelo tombamento.