Animais soltos pelas ruas: O retrato do abandono e do descaso de uma Brumado que já está sendo vista como uma ‘cidade fantasma’

Para os visitantes esse é o quadro atual de Brumado, uma cidade abandonada (Fotos: Daniel Simurro | 97NEWS)

Há mais de duas décadas Brumado vem convivendo com a situação dos animais soltos pelas ruas da cidade sem que fosse dada uma soução para o problema. No começo os casos eram tímidos, esporádicos e de fácil controle, mas, com o passar do tempo, bois, vacas, bodes, cavalos e cães começaram a “desfilar” tranquilamente pelas vias públicas, ao melhor estilo “cidade fantasma”. De uns dois anos para cá a situação que já estava crítica, ultrapassou os limites do aceitável, já que o número de animais, principalmente de cães errantes, aumentou de forma considerável, trazendo assim inúmeros transtornos para a população, sendo que até alguns acidentes foram registrados. Algumas tentativas foram feitas por parte das autoridades para tentar resolver o problema, mas, se esbarrou, no primeiro momento, na falta de consenso, o que acabou gerando um certo enfrentamento entre Prefeitura Municipal e Ministério Público. Visando equalizar a situação, foi celebrado um TAC – Termo de Ajustamento de Conduta, entre as partes, no qual ficou acertado a construção de um canil/gatil para abrigar os animais que seriam tirados das ruas. 

 

As matilhas de cães errantes em um dos cartões postais da cidade, os jardins da Câmara de Vereadores de Brumado (Foto: Daniel Simurro | 97NEWS)

 

Outros atores importantes nessa questão foram, justamente, os grupos de defensores dos animais, que, de forma heroica, se desdobram em ações de salvamentos e na busca de realizar as adoções, numa tentativa corajosa de amenizar a situação. Nesse contexto, então, surgiu um novo impasse, já que o TAC incluía a participação da ONG AUAU na manutenção do Canil/Gatil Municipal, que, logo de início, constatou que a construção do equipamento público era totalmente inadequada para abrigar os animais, além de ser muito longe da cidade. Diante disso, a situação que já se agravava, se tornou crônica na atualidade, com projeção ainda mais preocupante, pois previsões estimam que a população canina errante na cidade já ultrapassa a quantia de mais de 700 animais. É difícil andar por um bairro em que não se veja uma matilha de cães errantes, muitas vezes acompanhada de uma “tropa de equinos”. Recentemente o vereador Zé Ribeiro Neves (PT) apresentou uma importante indicação para a construção de um Centro de Zoonoses em Brumado, a qual se for atendida será um passo muito importante na busca de se reverter a situação. 

 

Uma cena emblemática no maior cartão postal da cidade, a Praça Coronel Zeca Leite | Foto: 97NEWS Conteúdo

 

Neste feriadão da Semana Santa, a cidade recebeu inúmeros visitantes, sendo que alguns deles foram ouvidos pelo 97NEWS e os relatos apontavam para uma única afirmação de que “Brumado parece uma cidade fantasma, uma terra arrasada, abondada pelos seus governantes”. Mesmo sabendo que essa sombria indagação não pode ser compreendida de forma literal e não condiz com a realidade, pois a situação é muito mais ampla e envolve uma problemática complicada, pelo menos, para os visitantes, o retrato de Brumado, para eles, é mesmo de uma “cidade fantasma”, onde as imagens de matilhas de cães errantes que invadem as ruas da cidade, juntamente com outros animais, falam por si só. A leitura de alguns cidadãos conscientes é que parece estar existindo um jogo de “empurra”, por parte da administração municipal e do MP, pois, principalmente quando se questiona os representantes do poder, eles dizem que não podem fazer nada, pois as normas impostas foram muito rígidas e impedem quaisquer ações de retirada dos animais das ruas. No meio desse “fogo-cruzado” está a AUAU, que luta com “unhas e dentes” na busca da defesa dos animais, principalmente após as últimas ondas de envenenamento, mas que, devido aos recursos limitados, não pode fazer milagre. 

 

Nas proximidades da Praça Heráclito Cardoso, outro cartão postal da cidade, as matilhas de câes errantes vêm aumentando de forma considerável (Foto: Daniel Simurro | 97NEWS)

 

Então, a situação é crônica e entra na esfera sensível da saúde pública e, a população, que é a que mais sofre, não suporta mais “assistir” esse “filme triste” de uma cidade que era para ser a “joia rara” do sertão, mas que devido à “insensibilidade da letra”, vem passando a imagem de uma “cidade fantasma”, que parece abandonada pelos seus governantes. Agora fica a grande pergunta: até quando essa situação que já passou dos limites irá perdurar?; será que algum membro da alta sociedade precisará ser mordido ou ser vítima de uma doença transmitida por esses animais, ou, um caso extremo acontecer de uma criança indefesa atacada?, pois, para muitos, só assim, para que a solução seja dada com urgência uma solução para a questão.