Brumado e o Clamor dos Corpos Carbonizados

(Fotocomposição: 97NEWS)

Diz o ditado que “água mole em pedra dura, tanto bate que até fura”, então, sob a égide deste axioma milenar, o 97NEWS vem batendo, de forma insistente, numa tecla que ainda não ecoou como deveria, que é o contraposto da afirmação sistemática das autoridades governamentais de que Brumado ainda é uma cidade pacata e, por isso, não precisa de um grande aparato policial. A afirmação vai, no mínimo, para o solo do paradoxal, pois os fatos recentes, com crimes e mortes repletas de requintes de crueldade, tendo, inclusive, vítimas carbonizadas, mostram que a violência já chegou a patamares para lá de preocupantes, mas, mesmo assim, nenhuma informação oficial, pelo menos até agora, de uma grande otimização do setor de segurança pública em Brumado, por parte do Governo do Estado, não foi veiculada, o que, nos dá a entender, que o conceito de “pacato” continua sendo adotado. Todos sabem que a questão da violência se tornou um grande câncer social no Brasil, matando muito mais que as guerras sanguinárias do Oriente Médio, mas, a fria banalização parece corroer as mentes dos governantes, que se mostram totalmente inertes na operacionalização de um grande plano nacional de combate ostensivo à violência, o que, infelizmente, acaba sendo positivo para os criminosos que se escondem sob o manto da impunidade. O latrocínio ocorrido na madrugada deste terça-feira (04) na Fazenda Penha, onde um pai e um filho, após serem aterrorizados e torturados por bandidos frios e dispostos a tudo, acabaram tendo os seus corpos carbonizados, num crime atroz, vil, repugnante e nefasto, que deveria causar uma grande perplexidade nas autoridades, mas, ao que parece, está sendo tratado como mais um crime normal, esperamos que não ao nível “tirar doce de criança”, já que Brumado, segundo o conceito que vem sendo divulgado pelas autoridades que cuidam da segurança pública, é uma cidade com níveis de violência muito baixos em comparação a um grande número de cidades da Bahia. Não podemos deixar também de comentar a morte do pequeno Emerson Kauã, de 10 anos de idade, o qual também teve o corpo carbonizado poucos dias antes do Natal, pelos seus algozes. Esses 3 corpos carbonizados clamam por justiça aos céus, já que na terra o clamor pode ser bloqueado pelas redes sombrias da impunidade. Que esse clamor consiga, pelo menos, chegar a alguma autoridade que seja sensível, que tenha consciência da gravidade dos fatos, pois 3 corpos carbonizados, depois de serem torturados, é algo tão cruel que nos remete ao período mais hediondo da história da humanidade que foi a Idade Média. Neste contexto têm que ser destacados e reconhecidos os esforços dos bravos policiais que lutam como heróis para manter a ordem em Brumado, dando uma ênfase especial para os brilhantes serviços da Polícia Civil que vem tendo um ótimo grau de resolutividade na elucidação dos crimes, tanto que os autores do latrocínio na Fazenda Penha devem ser presos e apresentados nas próximas horas. Já no caso do pequeno Kauã, as investigações continuam, mas também, acredita-se que os autores devem ser presos em breve. Agora, somente a prisão não irá adiantar, será necessária a adoção de medidas de impacto que criem uma rede de integração social bem organizada, que venha a dar suporte e aporte para a área de segurança pública na cidade, inclusive com a implantação de um Batalhão de Polícia Militar, pois já passou da hora disso acontecer. Que o clamor dos corpos carbonizados consiga entrar nos recônditos impenetráveis do poder e que o Governo do Estado desperte para a gravidade da situação em Brumado, que se fortalece a cada dia como um grande polo regional da criminalidade, tanto que no outro recente episódio da quadrilha que explodiu uma agência bancária em Boa Nova, fazendo, em seguida inúmeros reféns, tinha, ao que tudo indica, pelo menos um brumadense como integrante.