Bahia: Mais de 2 mil casos registrados da superbactéria em um ano

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A capital baiana já registrou a morte de seis recém-nascidos devido a um surto de infecção pela bactéria Serratia Marcescens. Casos de bactérias multirresistentes, ou simplesmente superbactérias, têm se tornado cada vez mais frequentes. Apenas em 2015, a Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab) foi notificada de 2.442 casos, contra 1.367 em 2014. A pasta ressaltou que o aumento está relacionado principalmente ao trabalho desenvolvido junto às unidades hospitalares para que sejam feitas notificações e informou que os valores de 2016 não foram fechados. Ainda assim, o número é preocupante e, segundo a própria Sesab, não corresponde à realidade, já que há subnotificação. Segundo o infectologista Robson Reis o surgimento das superbactérias está relacionado a uma série de fatores, todos relacionados ao uso inadvertido de antibióticos. “As superbactérias levam esse nome porque conseguiram desenvolver mecanismos de resistência à maioria dos antibióticos atuais”, explicou. “A gente vem falando sobre a questão do ser humano utilizando antibiótico de maneira inadvertida. Claro que outras coisas também acabam influenciando, como o uso indiscriminado de antibióticos para a produção de animais. Em algumas aves ou suínos estão utilizando antibióticos extremamente potentes para tratar diarreia para que eles possam ganhar peso mais rapidamente. Outra coisa envolve nossa cultura de se utilizar antibiótico para tudo. Hoje já temos uma legislação que só permite vender antibiótico com receita médica, mas anteriormente as pessoas utilizavam antibiótico de maneira indiscriminada. Tinha uma dor de garganta, não era um processo infeccioso, mas inflamatório, e se utilizava antibiótico, por exemplo. Isso faz com que as bactérias criem cada vez mais um mecanismo de resistência, por meio de uma seleção natural entre elas. Outra coisa é a prescrição de colegas médicos de maneira inadvertida em algumas situações. A escolha do antibiótico não foi correta, o tempo de tratamento foi exageradamente longo... Isso tudo acaba influenciando”. Não é por acaso que a maioria das superbactérias surge em unidades de saúde. Nesses locais, principalmente em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), os pacientes mais graves precisam de antibióticos mais fortes, chamados de amplo espectro. “Quando você usa um antibiótico de amplo espectro, que é mais abrangente, acaba tratando bactérias que não deveriam ser tratadas, então elas desenvolvem esse mecanismo de resistência”, completou o profissional. Reis ressaltou que o maior risco que envolve as superbactérias é a possibilidade de não se controlar mais infecções simples, como urinária e gastrointestinal, levando ao óbito dos pacientes.