Ferrovia Oeste-Leste: Nos trilhos, um retrato do desperdício

Os últimos prazos estabelecidos para os trechos Caetité-Ilhéus e Caetité-Barreiras estão em descompasso com a realidade. (Foto: 97NEWS)

Com um atraso em suas metas de expansão e de investimentos em ferrovias, o Brasil se dá ao luxo de simplesmente abrir mão do uso de uma ferrovia pronta e moderna, com uma estrutura que já custou  muito aos cofres públicos e que poderia ter iniciado uma revolução no transporte ferroviário. A revolução não veio, no lugar dela, o que se vê no trecho da Ferrovia Oeste-Leste, entre Caetité-Ilheus e Caetité-Barreiras é o retrato do desperdício e da irresponsabilidade com o bem público. Os últimos prazos estabelecidos para os trechos estão em descompasso com a realidade, o Governo Federal vai liberar apenas R$ 250 milhões em 2017. Mas segundo especialistas, o valor é insuficiente para retomada concreta das obras. Só para se ter uma ideia, quando a obra estava a todo vapor chegou-se a investir R$ 200 milhões por mês, e R$ 250 milhões por ano deverá servir apenas para manter os canteiros como estão. As obras da malha de Barreiras a Ilhéus, inicialmente avaliadas em R$ 4,2 bilhões, chegam em R$ 6,4 bilhões. Ignorada no plano de concessões do governo, a Fiol tem sido encarada como uma "dor de cabeça" quando o assunto é discussão sobre investimentos. Em 2011, Juquinha, Ex-presidente da Valec chegou a ser preso pela Polícia Federal após investigações que apuravam desvio de recursos e superfaturamento nas ferrovias. O MPF - Ministério Público Federal pediu a condenação de Juquinha e de Luiz Raimundo Carneiro de Azevedo, outro ex-presidente da estatal. Mais seis pessoas também foram alvos da denúncia, por causa de desvios de R$ 23,1 milhões dos cofres da empresa. A estratégia do governo federal de apresentar as concessões na área de infraestrutura como a tábua de salvação da economia e da retomada do emprego para 2017 corre riscos de se frustrar. A avaliação é do coordenador de infraestrutura do IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Carlos Campos. Segundo ele, entre os países em desenvolvimento, o Brasil tem sido o que menos investe nesses empreendimentos. Para resumir a situação da FIOL, parece que foi como ter começado a obra de uma casa pelo telhado, sem nem ao menos antes terem se preocupado com sua sustentação. Principalmente no trecho entre Caetité e Ilhéus, que foi desenhado para ligar uma mina de empresa privada atualmente desativada, com recursos públicos, para um porto que não existe e que está muito longe de ser viabilizado.

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