Os 109 dias de solidão da dama de ferro do PT

Dilma Rousseff (Foto: Filippo Monteforte / AFP)

Desde que Dilma Rousseff deixou o Planalto, há 109 dias, uma foto com seu rosto de guerrilheira, emoldurado por grossas lentes, repousa solitária num poste de energia elétrica diante do palácio hoje comandado pelo presidente em exercício Michel Temer. A imagem em preto e branco, já rasgada, aparece ao lado de uma convocação desbotada pelo tempo. “Lutaremos em todas as trincheiras até o último minuto”, diz a presidente afastada no cartaz, que exibe a hashtag #VoltaDilma.A cinco quilômetros dali, no Palácio da Alvorada, a mulher que responde a processo de impeachment por crime de responsabilidade ainda tem na ponta da língua o mesmo discurso da resistência com o qual pretende enfrentar seus algozes amanhã, quando irá ao plenário do Senado para se defender. Ao que tudo indica, porém, Dilma viverá nesta semana seus últimos dias de poder em Brasília. No Alvorada, ela participou de treinamento intensivo para responder às perguntas mais duras dos senadores, muitos deles seus ex-ministros, com dois umidificadores ligados na sala para espantar a seca.