Brumado: Bombas de irrigação com alta potência podem estar causando colapso em vazão de água ecológica da barragem de Cristalândia

Foto: 97NEWS

Mesmo morando à baixo da tão sonhada barragem de Cristalândia, moradores da comunidade ribeirinha da localidade que dá nome a barragem, sofrem com a escarces de água, que já acontece no Rio das Constas, afluente que abastece a atual barragem de Brumado. De acordo com os moradores, a captação de água sem outorga ou acima do volume permitido por agricultores se tornou alvo principal da falta de água no leito do rio e na 'barraginha' que abastecia a comunidade. Ainda segundo os moradores, empresários e donos de plantações das cidades de Dom Basílio e Livramento de Nossa Senhora que adquiriram terrenos as margens do rio, estão captando água no manancial que abastece o município de Brumado sem licenciamento ou outorgas (concessão do poder público). Conforme um funcionário da Embasa, já foram detectadas várias irregularidades no entorno da barragem. As principais irregularidades são a falta de certidão de uso insignificante (documento que permite uso de água por segundo), inexistência de outorga e descumprimento de condicionante para uso de recursos hídricos (frequência e volume de retirada acima do permitido). "Em algumas plantações identificamos bombas de até 75 cavalos de potência, capazes de drenar até 18 litros por segundo do rio, o que poderia abastecer várias casas por dia. Isso é um absurdo na irrigação", denunciou o funcionário que preferiu manter-se no anonimato. Chegar a esses pontos de captação não é fácil. “Não basta seguir as tubulações que levam água do rio para as plantações, porque muitas delas ficam enterradas e passam sob matagais”, afirma o funcionário. 

 

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De acordo com os moradores, em propriedades próximas, onde ocorre o arrendamento das terras para o cultivo de maracujá e hortaliças, os proprietários simplesmente desviam a água de uma área após a descarga ecológica que a Embasa realiza, de onde é sugada por uma bomba que também é capaz de dar vazão a vários litros por segundo. As tubulações que distribuem os recursos hídricos entre as plantações de maracujá contidas em cerca de 5 hectares promovem grande desperdício. Em conexões mal encaixadas e canos furados, a água se perde no solo antes mesmo de chegar aos aspersores que molham as plantas, formando poças em alguns pontos e lamaçais sem qualquer utilidade. Ainda de acordo com a comunidade, a Embasa sempre fez o descarte ecológico da água para continuar dando vazão ao rio, e isso abastecia a pequena barragem da comunidade. Mas de acordo com eles, de dois anos para cá, a barraginha secou por conta da captação irregular da água. "Quando um agricultor planta este ano uma hectare de lavoura, ou quando terminar a lavoura, ele quer plantar 5 ou 10 hectares no próximo ano. Então a vazão ecológica que a Embasa está dando desde quando foi criada a barragem continua, mas com tanta água sendo retirada do rio, não dá conta", afirma um morador da localidade. 

 

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Os ribeirinhos afirmam que não são contra a plantação e geração de emprego na comunidade, mas eles alegam que a quantidade de água que é retirada todos os dias, está afetando o abastecimento da comunidade, que vive a dois anos uma escarces de água. "Nós não podemos culpar a Embasa pela falta de água, mas sim, a quantidade de bombas que aumenta a cada dia, retirando milhões de litros de água todos os dias e sem controle. Os órgãos público tem que controlar esse plantio que vem acontecendo na região de Cristalândia, porque a cada safra, as pessoas estão aumentando o perímetro irrigado", diz outro morador ao 97NEWS. Na quinta-feira (11), os moradores da comunidade estarão realizando um manifesto, em busca de uma solução para que a água chegue aos moradores como acontecia há alguns anos atrás. Eles também pretendem provocar o Ministério Público Estadual (MPE) para acionar os órgãos responsáveis.