'Escutemos o grito das crianças que pedem justiça', diz Papa Francisco ao abrir reunião contra pedofilia

Foto: Reprodução l Vincenzo Pinto / AFP

O Papa Francisco pediu na quinta-feira (21) aos líderes da Igreja de todo o mundo que adotem "medidas concretas" para combater a pedofilia, na abertura de uma reunião histórica no Vaticano sobre o tema que abala a Igreja. "O povo de Deus nos observa e espera não óbvias e simples condenações e sim medidas concretas e eficazes. Escutemos o grito das crianças que pedem justiça", afirmou o pontífice diante de quase 200 líderes religiosos. "Iniciemos nosso percurso armados de fé, de coragem e de concretização", pediu o papa ao convidar cardeais, arcebispos, bispos e superiores religiosos a encarar a "praga dos abusos sexuais" cometidos por membros da Igreja. Esta é a primeira vez na história que os líderes da Igreja católica se reúnem a pedido do papa para debater a pedofilia, crime que minou a credibilidade da instituição em todos os continentes e que foi acobertado e negado durante décadas. "Peço ao Espírito Santo que nos ajude nestes dias a transformar este mal em uma oportunidade para tomar consciência e como purificação. Que a Virgem Maria nos ilumine para tentar curar as graves feridas que o escândalo da pedofilia provocou tanto aos pequenos como aos fiéis", disse. O pontífice latino-americano deseja mudar a mentalidade dos bispos com um método jesuíta, com três dias de debates, discursos, reuniões intercaladas com orações, mas sobretudo com os depoimentos comoventes de vítimas de abusos sexuais quando eram crianças. Desde que explodiram os primeiros escândalos há 35 anos, a hierarquia da Igreja católica adotou uma série de medidas preventivas, aprovou leis, pediu desculpas e anunciou condenações, mas sem conseguir acabar com o que é conhecido como "cultura de acobertamento", ou seja, o silêncio.