'O youtuber errado para seu filho pode gerar fobias', alerta psicóloga

Número de crianças que utilizam internet por aparelhos móveis cresceu de 21% (2012) para 91% (Foto: Unsplhash/Divulgação)

Nada de televisão. Com mais acessos a conteúdos pelos aparelhos móveis, a não ser quando se trata da Netflix, tem sido cada vez mais difícil observar uma criança  parando na frente da tela para assistir a um canal aberto (ou, até, fechado). O Comitê Gestor da Internet no Brasil divulgou, em novembro de 2017, que 91% das 22 milhões de crianças brasileiras com acesso à internet navegam pelo celular. Em 2012, o número não chegava a  21%. Em comparação com a TV e com a própria Netflix, o YouTube é que domina hoje as produções digeridas pelo público infantil. Sem programas com horários definidos e com possibilidades tão variadas, a maior plataforma de vídeos do mundo tem preocupado pais, que disparam, diariamente, desabafos nas redes sociais pedindo ajuda para lidar com a relação dos filhos com os youtubers. As denúncias contam, por exemplo, com casos de crianças que chegaram a se machucar pelo desejo de imitar algum ‘desafio’ feito por um youtuber em um vídeo qualquer. “Meu filho colocou a mão no congelador, ficou com ela grudada no gelo e acabou queimado. Isso porque o youtube estava mostrando, em um vídeo, o caso de um menino que grudou a língua em um cubo de gelo”. Assim começa o relato de uma das várias mães que têm disparado denúncias pela internet em desabafos que acusam youtubers por ações perigosas tomadas pelas crianças. 

PERIGOS

Diferente do caso de Felipe, que já ganhou discernimento para dialogar com a mãe, crianças menores não devem acompanhar youtubers sem a supervisão dos pais.

Em relação à idade correta para deixar que os filhos  assistam  vídeos com menos monitoramento, a psicóloga Monise Gusmão,  36, indica: “Antes da alfabetização (até os 7 anos) é ainda mais perigoso que a criança assista sozinha aos vídeos, é bom ter os pais sempre ao lado,  porque é quando eles estão criando a base da própria personalidade. Depois, é bacana, ao menos, assistir a um vídeo ou outro e ir conversando, ajudando no senso crítico da criança”.

A psicóloga ainda alerta para a necessidade da construção de bons diálogos entre pais e filhos para que esse processo seja mais simples: “Aos 12 anos, por exemplo, ainda tem que haver essa supervisão, mas, para isso, é bom estabelecer vínculos de conexão com os filhos para além dos momentos diante das telas. Eles devem saber que estão sendo supervisionados para que uma certa revolta não seja gerada pela sensação da invasão de privacidade. Por isso, é importante que o momento de assistir com os pais (ou de saber que os pais vão poder assistir aqueles vídeos depois) seja prazeroso”, explica.

Como solução, Monise Galvão aponta que o ideal é incentivar as crianças a assistirem os vídeos completos, sem ‘pular rapidamente’ para outros e sem ficar passeando por outros conteúdos enquanto assiste (como fazem usuários que ficam lendo comentários enquanto ouvem o vídeo rolar).

Os psicólogos concordam que proibir o acesso dos pequenos ao YouTube não seria o melhor caminho. Além de acabar distanciando o jovem do seu mundo atual, prejudicando até a sociabilidade da criança, a proibição poderia afastar o filho dos pais. 

“É bacana ficar de olho também no que os coleguinhas da escola estão assistindo e comentando. É bom ter uma reunião da escola do seu filho para falar sobre esse poder do YouTube e até da Netflix atualmente. As séries também estão aí como uma nova febre e, para os menorzinhos, é bom deixar a Netflix somente na aba Kids”, aconselha Juliana. O próprio YouTube tem também um aplicativo fechado para o tema Kids que pode ser mais uma solução para os pais agoniados com a realidade atual.

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