Dia do Índio: indígenas reforçam luta contra preconceito e esteriótipos

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As histórias de luta na capital são muitas. Construída por candangos, Brasília recebeu migrantes de vários estados. Os indígenas fizeram o mesmo movimento e escolheram o Distrito Federal para serem acolhidos. Na data em que se comemora o Dia do Índio, eles querem ser lembrados não somente pelos adereços e pelas pinturas no corpo, mas, sim, pela resistência e pela importância na formação do país, inclusive com presença nas universidades federais e no mercado de trabalho. A amazonense Braulina Baniwa, 34 anos, chegou ao Distrito Federal em 2013 para estudar antropologia na Universidade de Brasília (UnB). Ela aprendeu a língua portuguesa aos 18, tomou gosto pela educação e escolheu a capital porque buscava o desafio de acompanhar as questões sociais perto do centro do poder. O curso possibilitou lutar por temas como educação, território e saúde. Atualmente, Braulina é presidente da Associação dos Acadêmicos Indígenas da Universidade de Brasília (AAIUnB) e acolhe estudantes de outros estados, com culturas, costumes e línguas diferentes, que iniciarão os estudos na federal. “Passamos por momentos tão tristes devido à nossa questão indígena, que busquei a vida acadêmica com o objetivo de me ajudar a pensar em estratégias para que nós não percamos nossos direitos”, afirma. No quadradinho, Braulina leva uma vida corrida, muito diferente daquela da roça e dos igarapés durante a infância. A estudante une as tarefas acadêmicas à militância e aos filhos, de 12 e 6 anos, que vieram do Amazonas neste ano para perto da mãe. Quando chegou aqui, achou as pessoas frias e percebeu que elas não se cumprimentavam quando não se conheciam. Nos passeios pela cidade, a sombra da violência ainda assusta. “Não dá para esquecer que o Galdino foi queimado na Asa Sul. Andamos sempre em grupo e geralmente com os meninos. Não me arrisco a andar sozinha”, conta. Assim como a estudante de antropologia, o cacique Alvaro Tukano veio a Brasília para estudar, mas em 1980. Ele queria “conhecer melhor o mundo”, para poder resistir aos problemas enfrentrados pela comunidade. “Nós nos tornamos problemáticos porque nossos representantes nos deixaram em segundo plano. Então, alguém precisava fazer resistência. Por isso, resolvi vir à capital de todos os brasileiros. Afinal, sou brasileiro, oras”, defende. O líder indígena ainda faz questão de contrapor um questionamento que, para ele, é comum. “Muitos me perguntam se lugar de índio não é no mato. Eu peço para eles ficarem lá enfrentando garimpeiro, malária, analfabetismo, preconceito”,