60% dos negros dizem ter sofrido racismo no trabalho, aponta pesquisa

Profissionais negros: mais da metade admite já ter alisado ou raspado o cabelo para ser aceito no trabalho (Foto: Divulgação/Etnus)

Praticamente um em cada sete (67%) profissionais negros já sentiu que perdeu uma vaga de emprego por conta de sua cor. É o que aponta pesquisa divulgada nesta terça-feira (25) pela consultoria Etnus. O estudo ouviu 200 moradores da cidade de São Paulo, entre maio e julho deste ano. Segundo o levantamento, 92% deles acreditam que existe racismo na contratação de candidatos e 60% já sofreram preconceito no ambiente de trabalho. Os dados mostram ainda que o racismo e o fato de ser negro estão entre as principais dificuldades que esses trabalhadores enfrentam no mercado, com 34% e 31% de citações, respectivamente. Apenas a falta de qualificação profissional fica na frente, mencionada por 43%. Não falar inglês aparece na quarta posição (25%).  Um em cada sete (70%) entrevistados associa a afirmação "o candidato deve ter boa aparência" às imagens da mulher negra com o cabelo alisado e do homem de cabelo raspado. Mais da metade (53%) deles admitiu ter feito essas mudanças estéticas para fazer uma entrevista ou ser aceito no ambiente de trabalho. “As consequências do racismo interferem diretamente na qualidade de vida e produtividade dos trabalhadores, ao ‘psicossomatizar’ em seus corpos, contribuindo para o adoecimento de talentos, e, ainda, fazendo com que o rendimento não seja desenvolvido tanto quanto poderia", diz em nota Fernando Montenegro, sócio fundador da Etnus e idealizador da pesquisa.