'O MP está começando a aterrorizar o Congresso', afirma senadora Lídice da Mata

A votação do pacote anticorrupção, que aconteceu na última semana na Câmara Federal, causou revolta em parte da população, sobretudo, por conta do horário em que a votação ocorreu, durante a madrugada. Durante as manifestações do último domingo (4) em apoio ao juiz Sergio Moro e às investigações da Lava Jato, muitos presentes condenaram a ação dos deputados. Para a senadora Lídice da Mata (PSB), o horário em que a matéria foi colocada em pauta não pode ser usado como instrumento pela acusação, já que muitos temas importantes já foram decididos na madrugada. “É o ritmo da Câmara, que começa votação em torno de 20h. Numa Casa com 500 membros, essas votações se estendem normalmente até tarde da noite. Não creio que a condenação deve ser porque votou de madrugada, porque muitas coisas importantes são votadas de madrugada”, defendeu ela. Lídice falou ainda sobre as palavras de ‘abaixo o Congresso’, gritado por alguns manifestantes, e condenou a atitude. “Abaixo o Congresso é um tipo de coisa que me preocupa. Fechar o Congresso é sinal de ditadura. Por pior que seja a sua representação, tem a próxima eleição para modificar o que está aí”, disse. “Impedir a existência do Congresso significa fechar o único espaço de discordância, de debate que é garantido na sociedade de fato. Sem o Congresso não há democracia”, continuou ela.A senadora baiana falou ainda sobre o atual presidente do Senado, Renan Calheiros, que na última semana virou réu em um dos 12 inquéritos que tramitam na Corte do Superior Tribunal Federal (STF). Lidice afirmou que na prática não é comandada por Renan. Ontem, Renan foi afastado da presidência do Senado apos decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, atendendo a pedido do partido Rede Sustentabilidade. “Não sou comandada dele. Existem outros, mas estamos com mania de condenar. Não votei em Renan [para presidir o Senado], mas ele tem o direito de permanecer [como presidente]”, afirmou. Depois de defender a atuação do Congresso Nacional, Lídice aproveitou para criticar a postura do Ministério Publico. Segundo ela, o órgão assusta a Casa com a vinculação de recebimento de recursos legais em campanhas com a criminalização do processo. “Quando se vincula todo e qualquer recebimento de recursos na campanha, às vezes inclusive recurso legal, com a criminalização, isso assusta. Tem muita gente no parlamento com corrupção? Acho que pode ter, mas não é a maioria, não é a totalidade do Congresso. E essa generalização contra o político e o parlamento vem aterrorizndo o Congresso”, finalizou a senadora.