Segundo Ferraz, a história começou há um mês e meio, quando ele percebeu que a filha começou a ser contatada por meio da página dela no Facebook. "O primeiro contato dele com ela foi no dia 29 de junho. Eu tinha a rotina de, uma vez por semana, entrar na página do Facebook dela e ver com quem ela falava. Até então, ela só conversava com parentes e coleguinhas de escola", afirmou. Ferraz disse ter desconfiado que tinha algo estranho porque o suspeito elogiou o corpo da filha. "Não tinha nenhuma foto insinuante. Eram fotos de cotidiano de criança, fotos infantis. Eu cliquei no perfil dele e vi que havia apenas uma foto do Batman [usada como avatar]. Outra coisa que me chamou a atenção foi que as amizades dele, a maioria, eram com meninas que aparentavam a mesma idade da minha filha", descreveu. Após o sinal de alerta ligado, o empresário afirmou que passou a monitorar o caso e começou a se relacionar com o suspeito se passando pela filha. "Quando eu percebi que podia ser um tarado, eu alterei a senha dela e, de lá para cá, assumi todas as mensagens como se fosse ela. Passei a deixar o Facebook dela online no meu celular e tomei o cuidado de só responder as mensagens dele em horário que não fosse coincidente com o da aula dela", disse. O pai da menina disse ter se valido de uma escrita que se aproximasse da usada pela filha na rede social e que não se apressava para digitar. "Eu usava muitas carinhas [emojis], frases curtas e até escritas de maneira errada. Também demorava para digitar e não usava acentuação", declarou. Ferraz disse que o suspeito, ao ter a confiança de que estaria falando com a criança, passou a questioná-la sobre a rotina dos pais dela e também a fazer declarações de amor. "Ele mesclava perguntas sobre a minha rotina e a da minha mulher com declarações de que estava apaixonado por ela, de que ela era perfeita." A seguir, ainda de acordo com o depoimento de Ferraz, a conversa começou a ganhar contornos eróticos. "Quando a conversa começou a ficar mais pesada, com mensagens eróticas e a possibilidade de um encontro real, eu procurei a polícia e passei a eles a senha da página. Eles começaram, em tempo real, a ter acesso a nossa conversa", contou.
Encontro
Orientado pela polícia, o empresário afirmou ter marcado o encontro com o suspeito em uma padaria. Antes, Ferraz disse ter pedido ao acusado o envio de fotos dele e de características do carro que estaria usando no dia. O homem, achando que estava se relacionando com a menina, enviou as fotografias para o e-mail da criança e os detalhes do veículo. De posse do retrato, policiais que se passaram por clientes da padaria fizeram a prisão em flagrante, logo após o suspeito ter estacionado o carro próximo ao estabelecimento comercial. A menina foi levada até o local marcado, para não levantar suspeita, mas não manteve contato com ele, de acordo com relato do pai. Segundo a delegada Ione Barbosa, titular da Delegacia de Mulheres de Juiz de Fora, o homem, que não teve o nome divulgado, está preso e deverá responder pelos crimes de tentativa de estupro de vulnerável, transmissão de material de conteúdo pornográfico envolvendo crianças e abandono de incapaz. A policial explicou que, para se encontrar com a filha de Ferraz, o suspeito havia deixado o próprio filho, de cinco anos e autista, sozinho em casa. "Fomos até a casa dele, para apreender o computador, e nos deparamos com a criança sozinha em casa. Vimos também que ele transmitia material pornográfico envolvendo crianças pela internet." A delegada afirmou que o acusado não tinha antecedentes criminais. O inquérito sobre o caso deverá ser encerrado em dez dias. "Ele confessou tudo, confirmou o conteúdo das conversas e o encontro que supostamente teria com a menina. No entanto, ele nega que iria executar atos de sexo com ela."